Escassez hídrica prejudica lavouras no Rio Grande do Sul

Baixos volumes de chuva afetaram a qualidade do solo e impactaram negativamente as culturas

16/01/2023 às 12:04 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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Foto: Arquivo/Canal do Boi

Na semana passada, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou o 4º levantamento da safra de grãos 2022/2023, que aponta para um incremento de 14,5% na produção frente ao ciclo anterior, totalizando 310,9 milhões de toneladas. As condições climáticas foram determinantes para as projeções. No caso da região Sul, a falta de chuva impactou negativamente os níveis de água no solo, uma vez que os acumulados não ultrapassaram 150mm, e foram ainda menores em grande parte do Rio Grande do Sul, ficando abaixo de 120mm. Este cenário aumentou o déficit hídrico em regiões produtoras importantes e causou a restrição hídrica às lavouras, principalmente no estado gaúcho.

Arroz

Segundo a Companhia, no manejo das lavouras do Rio Grande do Sul, houve um avanço na realização dos tratos culturais, além do controle para manutenção de uma lâmina de água adequada. Após a estabilização das temperaturas que ficaram elevadas e grande irradiação solar de forma benéfica para uma boa resposta das plantas, as lavouras de arroz apresentaram bom desenvolvimento. Alguns produtores realizaram o banho nas lavouras, a fim de favorecer a capacidade hídrica do solo e evitar a má germinação.

Na comparação com a safra passada, a Conab prevê redução de 9,9% na área de arroz motivada por fatores econômicos, custo de produção elevados, baixa perspectiva de elevação no preço do cereal e à expansão da soja nas áreas de várzea, o que pode refletir também na produção da cultura nesta temporada.

Feijão

No caso do feijão-comum cores, a Conab constatou que a semeadura evoluiu significativamente, chegando a cerca de 60% da área prevista até o fim do segundo decêndio de dezembro de 2022. Com as condições climáticas favoráveis na principal região produtora (Planalto Superior), acredita-se que as operações sejam finalizadas na primeira quinzena de janeiro. Para as lavouras já implantadas, as condições gerais são consideradas boas, mesmo com algumas localidades enfrentando oscilações pluviométricas, com períodos de certa limitação de chuvas, mas mantendo um mínimo adequado para as necessidades hídricas dessa fase da cultura.

Foto: Luciana Fernandes/Embrapa

Com relação ao feijão preto, a colheita manteve o ritmo lento de evolução, atingindo apenas 6% da área total até o fim do mês passado, e produtividade com variação significativa. A colheita nas primeiras áreas, que já haviam sido impactadas negativamente pela primavera fria e por alguns eventos de geada tardia, por exemplo, reduziram ainda mais com a falta de precipitações regulares em novembro e dezembro, bem como pelas altas temperaturas da primeira quinzena de dezembro. Já as lavouras mais tardias e menos impactadas por essas condições, chegam nos estádios mais críticos de definição de alguns componentes do rendimento em meio à estiagem ou chuvas esparsas e dias com altas temperaturas, assim, resultando em menor porte de plantas e abortamento de flores. Com isso, a redução de potencial produtivo deve mesmo se confirmar e também alcançar rendimento médio abaixo do que foi obtido na safra 2021/2022.

Vale ressaltar que ainda há uma pequena parcela de área a ser semeada no Planalto Superior, região onde as condições climáticas são, historicamente, favoráveis e os agricultores investem em tecnologia no cultivo da cultura. Essa produtividade pode incrementar os valores finais da média para o estado.

Milho

A semeadura do milho primeira safra no estado gaúcho alcançou 89% da área prevista. Deste total, 10% está em fase de maturação, 39% em enchimento de grãos, 30% em floração, 20% em desenvolvimento vegetativo e 1% em emergência. As chuvas ocorridas, que foram extremamente irregulares em distribuição e volume, causam grande variação na condição das lavouras.

Na região do Alto Uruguai e Oeste do Planalto Médio, por exemplo, são pontuais as lavouras não irrigadas, que seguem sob boas condições hídricas, com perdas estimadas entre 10% e 90% da produtividade nas áreas de sequeiro. Na região das Missões, Oeste do Planalto Médio e Oeste da Depressão Central, a restrição hídrica e as temperaturas elevadas têm acelerado o processo de senescência das plantas de milho. Com isso, o estágio reprodutivo está sendo fortemente prejudicado.

Além das questões climáticas, os produtores também devem ficar atentos ao ataque de doenças, especialmente na base da espiga. Na região do Alto Uruguai, a população de cigarrinhas ainda é preocupante, e seu acometimento sobre a safrinha pode trazer prejuízos.

Soja

Foto: Mapa

Segundo o levantamento da Conab, a semeadura da oleaginosa seguiu evoluindo pontualmente devido às chuvas mal distribuídas ou volumes abaixo do necessário para proporcionar umidade adequada à germinação. Agora, mais de 90% da safra está semeada, com exceção das regiões do Planalto Superior e leste do Planalto Médio, onde a semeadura gira em torno de 85%. As condições de desenvolvimento das lavouras apresentam variação devido à irregularidade das precipitações. A título de comparação, dentro de uma mesma região há lavouras com bom desenvolvimento e outras que apresentam queda no potencial produtivo.

Nos locais onde a restrição hídrica tem se acentuado, as lavouras apresentam sintomas de estresse hídrico como murchamento. O manejo mais realizado, no momento, tem sido o controle de plantas daninhas e pragas (tripes) com intensificação dos manejos preventivos de doenças. Janeiro será decisivo para a definição das produtividades das lavouras.

Com informações da Conab


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