Produtividade da soja cresce até 20% em consórcio de capim com crotalária

Em alguns experimentos, a planta contribuiu com mais de 2 toneladas por hectare

18/12/2022 às 15:25 atualizado por Patrícia Martins* - SBA | Siga-nos no Google News
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Foto: Agência Brasil


Uma recente pesquisa divulgada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), mostra que o consórcio de gramíneas forrageiras com crotalárias resultou no aumento da produtividade de soja em até 20%. Além disso, o estudo constatou também que houve ampliação da quantidade e qualidade de biomassa produzida pelas plantas, promovendo a fixação biológica de nitrogênio no solo, aliando vantagens econômicas e ambientais.

Outra vantagem, segundo o estudo, foi a produção de biomassa para um sistema de produção consorciado, ultrapassando 7 mil quilos por hectare na safrinha, próximos dos cerca de 8 mil kg/ha para o capim solteiro. Em alguns experimentos, a crotalária contribuiu com mais de 2 toneladas por hectare.

A pesquisa foi realizada em seis municípios de Mato Grosso do Sul: Dourados, Naviraí, Rio Brilhante, Nova Andradina, Vicentina e Ponta Porã. Nos três primeiros, o consórcio de gramínea forrageira com crotalária foi uma alternativa para diversificação do sistema de produção de grãos na entressafra da soja. Nos outros municípios, o consórcio foi uma prática adicional para a renovação de pastagens.

Combinação de espécies

As crotalárias utilizadas na pesquisa foram a C. juncea, C. ochroleuca e C. spectabilis. Já as gramíneas forrageiras foram a Brachiaria ruziziensis, Brachiaria brizantha (cv. Xaraés) e Panicum maximum (cultivares Tamani e Zuri).

O produtor deve se atentar para o uso de sementes de qualidade. No caso das leguminosas, sementes de baixo vigor, as crotalárias são espécies de dia curto, por isso, quanto mais tardia for a semeadura dessas leguminosas na safrinha, menor será o potencial de produção de biomassa.

Já na escolha das espécies para cultivo, depende do objetivo. A C. spectabilis não é recomendada para o pastejo por ser tóxica para o gado. De forma geral, a C. spectabilis apresenta maior eficiência, seguida da C. ochroleuca e da C. juncea. Por sua vez, a C. spectabilis é mais suscetível ao mofo branco.

Foto: Embrapa

No cultivo intercalar, as sementes das leguminosas são distribuídas em uma linha e as das gramíneas em outra. A melhor opção, como alertam os pesquisadores, é aplicar a gramínea a lanço e semear a crotalária na sequência. Na implantação em mesma linha, indica-se a C. ochroleuca, por ser constituída de sementes menores, o que favorece a uniformização da mistura com as sementes dos capins e a distribuição nos sulcos de semeadura.

Outro fator a ser observado é a quantidade de sementes a ser utilizada. Quando o objetivo é produção de palha, pode-se usar metade da quantidade recomendada para a espécie solteira. Se há intenção de pastejo na área, a quantidade de sementes de C. ochroleuca ou C. juncea pode ser reduzida consideravelmente, para cerca de 25% da recomendação para cultivo solteiro. 

Implantação da soja

Durante a entressafra, os animais fazem o controle da forrageira por pisoteio ou alimentação. A C. ochroleuca e a C. juncea apresentam baixa capacidade de rebrote, o que facilita a implantação da soja em sucessão. Para controlar o crescimento da forrageira e evitar a produção de sementes da leguminosa, a indicação é a poda mecânica da parte aérea, com roçadeira, triton ou rolo faca, cerca de cem dias após a semeadura. 

Com  informações da Embrapa

*Com supervisão de Daniel Catuver, jornalista


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