Mercado externo impulsiona produção brasileira de trigo

Estimativa da Conab aponta para um total 9 milhões de toneladas do cereal neste ano

12/12/2022 às 11:15 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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Foto: João Pires/Embrapa

O 3º Levantamento da Safra de Grãos divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), indica que a produção de trigo em 2022 atingirá um novo recorde, com estimativa de 9,5 milhões de toneladas. O volume representa um aumento de 23,7% em relação à safra passada e, se comparar com a colheita de 2019 (5,1 milhões de toneladas), a produção do cereal praticamente dobra.

Segundo a companhia, o bom resultado é influenciado pelas condições de mercado do produto, uma vez que a demanda pelo cereal segue aquecida e a oferta mundial restrita. A Argentina, por exemplo, deve apresentar quebra de safra devido às condições climáticas adversas nas principais regiões produtoras. Se na safra passada os argentinos colheram pouco mais de 22 milhões de toneladas, neste ano a safra está estimada em cerca de 15,5 milhões de toneladas. O resultado reflete diretamente nas exportações portenhas, que devem cair de 16 para 10 milhões de toneladas. O clima também pode afetar a qualidade do grão cultivado na Austrália.

Com o desenho do mercado internacional, a analista da Conab, Flávia Starling, destaca que o Brasil já tem se preparado para atender às demandas externas. “As altas cotações do cereal no mercado internacional, registradas desde a safra passada, têm favorecido e incentivado os produtores brasileiros. O conflito entre Rússia e Ucrânia também gera uma incerteza com relação à disponibilidade mundial de trigo. Além disso, as questões climáticas que afetaram as culturas na última safra de verão no Brasil podem ter impulsionado alguns agricultores a mitigar as perdas registradas”, comenta.

O aumento da produção na última safra possibilita uma exportação recorde para o grão. No último ano comercial, o Brasil vendeu pouco mais de 3 milhões de toneladas do grão, volume que deve ser mantido para a safra 2022/2023. Ao mesmo tempo, o consumo interno também tende a apresentar crescimento em torno de 2%, estimado em aproximadamente 12,23 milhões de toneladas. Ainda assim, é esperado um acréscimo no estoque de passagem de julho de 2023, podendo chegar a 1,08 milhão de toneladas.

Foto: Paulo Kurtz/Embrapa

Principais produtores

Os estados do Paraná e Rio Grande do Sul concentram a maior parte da produção de trigo e, juntos, são responsáveis pela colheita de mais de 8 milhões de toneladas, cerca de 86% de tudo que é produzido no país. No estado paranaense, a produção nesta safra está estimada em 3,51 milhões de toneladas, crescimento de 9,6% em relação ao ciclo 2021/2022. Já no Rio Grande do Sul, o incremento de 36%, ou 4,75 milhões de toneladas, é explicado pela maior área destinada para o cultivo do cereal.

Novos mercados

Além dos moinhos, os produtores encontram alternativas quando o trigo não atinge o nível de qualidade para ser utilizado na indústria de panificação, como é o caso do mercado de ração. Com o preço do milho elevado, há valorização de produtos que podem ser utilizados como substitutos para a alimentação animal.

Outra possibilidade é utilizar o trigo como insumo na produção de biocombustíveis. “O etanol é produzido no Brasil basicamente com cana-de-açúcar e milho, mas o uso de cereais de inverno pode ser uma alternativa para a produção do etanol”, explica a analista de mercado.

Com informações da Conab


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