Número de inadimplentes atinge a maior taxa anual desde 2016

Alta foi registrada mesmo com estabilidade na proporção de endividados

12/11/2022 às 10:41 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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Em outubro, pelo quarto mês consecutivo, o número de famílias brasileiras com contas atrasadas cresceu e atingiu a maior taxa anual em seis anos. Dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), obtidos por meio da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor e divulgados nesta segunda-feira (7), mostram que a proporção de famílias inadimplentes ficou em 30,3% no mês passado, alta de 0,3% frente a setembro.

Em relação a outubro do ano passado, a taxa é 4,6% superior, sendo o maior aumento registrado na comparação anual desde março de 2016.

De acordo com a CNC, o aumento na inadimplência ocorreu mesmo com a relativa estabilidade na proporção de endividados. Em outubro, o percentual das famílias com dívidas a vencer chegou a 79,2%. O indicador caiu 0,1% na comparação com setembro, mas subiu 4,6% em relação a outubro de 2021.

A movimentação pode ser explicada pela combinação do grande nível de endividamento e juros altos. Na avaliação da confederação, esse cenário dificulta a quitação de todos os compromissos financeiros dentro do mês, mesmo com a melhora progressiva no mercado de trabalho, a queda da inflação e as políticas de transferência de renda reduzindo a proporção de endividados.

Estados

O número de inadimplentes cresceu em 12 dos 27 estados brasileiros, com destaque para a Bahia, onde 43,7% das famílias relataram estar com as contas atrasadas. Em relação ao endividamento, a proporção de famílias com débitos a vencer subiu em 17 unidades da Federação, com destaque para o Paraná, onde 95,8% das famílias afirmaram estar endividadas.

Na comparação por renda, a taxa de endividamento aumentou nos últimos 12 meses tanto entre as famílias de baixa e média renda (que ganham até dez salários mínimos) quanto entre as de maior renda (que recebem mais que dez salários mínimos). Segundo a CNC, as dívidas no cartão de crédito e no cheque especial, que cobram os juros mais altos, estão pressionando o aumento na proporção de endividados.

Juros altos

De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, apesar da retomada progressiva do fôlego na economia, os orçamentos domésticos continuam apertados, principalmente entre as famílias de menor renda. “O nível de endividamento alto e os juros elevados pioram as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento, ficando mais difícil quitar todos os compromissos financeiros dentro do mês”, explica.

Segundo o Banco Central, os juros anuais em todas as linhas de crédito para as pessoas físicas atingiram 53,7% em média, em setembro, com evolução de 12,5%.

Principais dívidas

O cartão de crédito mantém-se, já há algum tempo, como principal tipo de dívida das famílias brasileiras, indica a Peic. Aumentou de 84,9%, em outubro do ano passado, para 86,2% em igual mês deste ano. Do mesmo modo, houve expansão no cheque especial, de 4,9% para 5,1%, na mesma base de comparação.

Já o crédito consignado, um dos tipos de crédito com juros mais baixos (cerca de 25% ao ano, segundo dados do Banco Central) perdeu espaço no endividamento dos brasileiros: 5% do total de consumidores endividados têm dívidas consignadas atualmente, ante 7% em outubro de 2021.

Com informações e foto de capa da Agência Brasil


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