Grupos de caminhoneiros ligados à diversas entidades sindicais e associações fazem manifestações em rodovias contra o resultado da eleição presidencial, realizada no Brasil, neste domingo (30). Entre mobilizações e bloqueio de pistas, são realizados atos de protesto em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás e Bahia.
Os trabalhaores rejeitam o resultado de 60,3 milhões de votos registrados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
"Há indício de fraude, o resultado é suspeito, mas não vou entrar no mérito porque acho que é um assunto nebuloso para caminhoneiro falar", disse o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Ourinhos (SP), Júnior Almeida, à imprensa da cidade.
Almeida disse ainda que os caminhoneiros que estão paralisados desmobilizarão o movimento apenas se as eleições forem anuladas ou a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). "Se o Bolsonaro não me ligar, não acaba o movimento", afirmou.
O presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), Wallace Landim, o "Chorão", que liderou a greve dos caminhoneiros de 2018, discorda. "Existe, sim, uma parcela de caminhoneiros que é apoiadora do presidente [Bolsonaro] e está fazendo essa movimentação, mas não vejo como algo muito grande e com essa força toda, tanto que já tentamos fazer vários movimentos em prol do transporte, da categoria, e não tivemos êxito", disse ao jornal Gazeta do Povo.
Há, porém, risco de a manifestação ganhar força com o apoio de empresários do setor agropecuário com um locaute, prática conhecida como "greve de patrões", que é vedada.
"Estão insatisfeitos pela votação e pelo presidente eleito Lula ter vencido a eleição, mas a gente precisa respeitar e as autoridades terão que ser pouco mais firmes", destaca.
O presidente da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros e Celetistas, Nereu Crispim - deputado eleito pelo PSD do Rio Grande do Sul - informa que não participa e nem participará de "nenhum movimento de paralisação ou bloqueio de rodovias", segundo declaou em nota à imprensa.
Bloqueios
Segundo o balanço da Polícia Rodoviária Federal, divulgado às 7h35, há registro de bloqueios em pelo menos cinco estados.
Rio Grande do Sul
- BR-285, km 460, em Ijuí, no acesso a Cruz Alta-RS (trânsito fluindo pelas alças)
- BR-470, km 225, em Garibaldi
- BR-158, km 157, em Panambi
- BR-153, km 53, em Erechim
- BR-116, km 40, em Vacaria
- BR-285, km 496, em Entre Ijuís, entroncamento RS 344
- RS-463, km 30, em Tapejara
- RS-122, km 66, em Caxias do Sul
- RS-122, km 96, em Flores da Cunha
Em Santa Catarina, os protestos acontecem em ao menos nove pontos da BR-101, em três da BR-470, em dois da BR-116, em dois na BR-280, além de um na BR-153 e na BR-282.
De acordo com o Portal NSC Total, em Palhoça, na Grande Florianópolis, uma manifestação ocorre desde a noite de domingo e situação persiste ainda pela manhã de segunda-feira (31). Tanto as vias principais quanto as marginais estão bloqueadas no km 216, na região do Aririú, conexão com a BR-282, em direção à Serra Catarinense. As filas no local chegam a três quilômetros.
Entre as cidades com bloqueio estão Joinville, Imbituba, Tubarão, Içara, Pomerode e Mafra.
Rio
A Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, também tem paralisação por causa de caminhoneiros bolsonaristas.Há interdição em Barra Mansa, no km 281, em ambos os sentidos.
Goiás
Em Goiás há três pontos de protestos: na BR-060, km 101, em Anápolis e na BR-153, km 703, em Itumbiara. Outro local é na BR-040, na cidade de Cristalina, no entorno do Distrito Federal.
Na BR-040, em Luziânia (GO), também há registro de bloqueio total nos kms 19 e 94. Manifestantes atearam fogo a pneus, e agentes da PRF atuam no local. Também ocorrem atos no Km 101 da BR-060, em Goiás, próximo a Anápolis.
Foto de capa: Reprodução/redes sociais