Leguminosa pode aumentar em até 60% peso do animal em pastagem

Estudo também reduz gases de efeito estufa e gastos com fertilizantes estrangeiros

29/10/2022 às 21:00 atualizado por Ayanne Gladstone* - SBA | Siga-nos no Google News
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Um estudo, realizado em quatro anos, revela que o uso consorciado do capim-mandu (Brachiaria brizantha) com a leguminosa forrageira desmódio (Desmodium ovalifolium) aumenta em 60% o peso do animal no pasto se comparado a uma pastagem sem uso de nitrogênio, elevando também a produção de carne. Segundo o pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Agrobiologia do estado do Rio de Janeiro, Robert Boddey, a introdução da leguminosa na pastagem teve o mesmo impacto da aplicação de 150 quilos de fertilizante nitrogenado por hectare ao ano. 

O estudo foi publicado no periódico Grass & Forage Science, um dos maiores da área de forragicultura, e aponta que o uso da leguminosa pode reduzir em 30% o tempo de abate do animal, o que significa menos custo ao criador. “Reduzir o tempo de abate significa também menos emissões de metano entérico [arroto do boi] para a atmosfera”, explica o pesquisador, que também destaca que um animal adulto no pasto emite entre 50 a 60 quilos de metano por ano. 

A utilização do desmódio na pastagem também reduz o óxido nitroso - gás mais potente no efeito estufa. De acordo com pesquisas, cada quilo de nitrogênio aplicado no campo emite óxido nitroso equivalente a pelo menos quatro quilos de CO2 (dióxido de carbono). 

Segundo Boddey, além da conservação ambiental, há a possibilidade de reduzir o gasto com fertilizantes que, atualmente, estão custando em torno de US$ 300,00 por hectare de pastagem.

Pastagens 

Leguminosa evita renovação frequente do pasto 
(Foto: Embrapa)

O uso de leguminosas nas pastagens não é uma opção comum entre os criadores. “Há uma resistência entre os produtores porque além das sementes serem caras, as espécies utilizadas até então, em especial os estilosantes, não apresentam boa persistência associada com a braquiária”, explica Boddey.

Com o desmódio, é possível manter a leguminosa no pasto por mais de nove anos. Como é uma planta estolonífera, ou seja, suas raízes ou colmos crescem rente ao solo e dão origem a uma nova planta, não é necessário que o pasto seja renovado com muita frequência. 

 

 

 

 

Com informações e fotos da Embrapa

*Com supervisão de Daniel Catuver, jornalista

 


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