Pesquisa aponta retração na produção de mudas florestais no RJ

Viveiros produzem apenas 22% da diversidade de espécies nativas da Mata Atlântica

22/10/2022 às 09:11 atualizado por Ayanne Gladstone* - SBA | Siga-nos no Google News
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Pesquisa realizada pela Embrapa Agrobiologia (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) aponta que nos últimos dez anos a produção de mudas para reflorestamento apresentou uma retração de 30%  no Rio de Janeiro. O estado possui metade do seu território coberto por áreas degradadas, e a baixa produção de mudas de espécies florestais em viveiros pode ser um dos maiores obstáculos para a restauração desses territórios. 

De acordo com a pesquisadora Juliana Freire, a produção de mudas supre menos de 1% da demanda para restaurar as áreas prioritárias de proteção de mananciais hídricos. Para que os viveiros atendam a demanda de reflorestamento com diversidade de espécies, os empreendimentos devem realizar encomendas aos viveiristas com antecedência. “É fundamental que o setor público implemente ações de incentivo permanente para o setor”, afirma. 

Segundo os estudos da Embrapa, os viveiros produzem apenas 22% da diversidade de espécies nativas da Mata Atlântica do Rio de Janeiro. A Mata Atlântica cobria cerca de 98% da área carioca, no entanto, atualmente, ocupa apenas 17%. “Embora a riqueza de espécies produzidas pelos viveiros tenha aumentado nos últimos anos, e representa uma das maiores do Brasil, ainda é muito baixa se comparada à diversidade encontrada no bioma”, explica a pesquisadora. 

A produção de mudas de espécies florestais no Rio de Janeiro foi estimada em 4,8 milhões ao ano, e esse número corresponde a 44% da capacidade produtiva, acima de 10 milhões de mudas. A baixa rentabilidade para os viveiristas, os altos custos de produção e a dificuldade para aquisição de sementes e comercialização são os principais fatores que contribuem para a baixa produção da capacidade e demanda existente. 

Retração 

Nos viveiros fluminenses, são produzidas 977 espécies diferentes, sendo 539 nativas da Mata Atlântica. Cada viveiro produz, em média, 99 espécies nativas, no entanto, ainda há uma baixa produção de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. 

O estudo aponta que, dos 120 viveiros identificados, 35 foram desativados na última década. Dessas espécies,  27 pertenciam à iniciativa privada. Dos que mantêm atividade, 48 são públicos, 31 privados e dois são do terceiro setor, enquanto outros quatro viveiros não possuem identificação. 

Os números revelam a retração de 30% do setor produtivo comparado ao último diagnóstico realizado em 2010 pelos órgãos públicos estaduais. 

Com informações e foto da Embrapa 

Com supervisão de Elaine Silva, jornalista.* 


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