O setor agropecuário e o governo brasileiro estão em processo de unificação dos discursos que serão apresentados durante a COP-27 (27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que acontecerá no Egito de 6 a 18 de novembro. Durante o evento, diversos países apresentarão ações e posicionamentos com relação ao Acordo de Paris, com o objetivo de frear ameaças decorrentes das mudanças climáticas no planeta.
Nessa terça-feira (18), foi realizado um encontro na CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e três ministros receberam um documento detalhado com posicionamentos e temas considerados relevantes ao setor agropecuário brasileiro que devem ser debatidos durante a conferência. De acordo com a confederação, a COP-27 ocorre em um momento de “particular relevância” para a implementação do Acordo de Paris, em meio aos impactos gerados pela pandemia e pelo conflito na Ucrânia, dois cenários que afetam, em especial, a segurança alimentar e energética do continente europeu.
Avaliação
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, destaca que a preocupação da agricultura brasileira se tornou evidente em 2012, quando foi criado o Código Florestal. No entanto, o setor “perdeu a narrativa” em meio a críticas propagadas pela mídia brasileira, relacionadas aos supostos efeitos danosos ao meio ambiente. "Sustentabilidade não é só questão ambiental. É econômica e social. Por isso, precisamos sempre fazer nosso dever de casa. Já caminhamos muito. Se consertarmos alguns equívocos, nossa narrativa será vencedora”, afirma.
Para o coordenador de sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias, o futuro da agropecuária brasileira começou há 10 anos, com o êxito do programa de agricultura de baixa emissão de carbono. “O Brasil apostou em metas ambiciosas que têm, na agropecuária, a base fundamental para seu alcance. Para alcançar os objetivos, o país precisa agora detalhar essa estratégia de atingimento de metas propostas [durante a COP-27], imputando ações individualizadas e setoriais nos sistemas produtivos. As estratégias precisam ser detalhadas na COP”, ressalta.
De acordo com o presidente da CNA, João Martins, os produtores brasileiros têm compromisso com a sustentabilidade. “Ampliamos nossa produção de forma sustentável, porque nosso país é provedor de soluções ambientais e climáticas”, pontua.
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que participou do encontro da confederação, disse que o governo federal entende que tem de fazer política junto com o agronegócio e que, na COP-27, o Brasil deve se apresentar como o país das energias verdes que permeiam a agricultura. De acordo com o ministro, o Brasil bateu o recorde de instalação eólica de 21 GW, solar de 14 GW e biomassa. “Não é só multar, reduzir e culpar o agro. Pelo contrário, precisamos incentivar uma nova cultura verde como a de baixo carbono, que é um belo exemplo para o mundo”, defende.
Com informações da Agência Brasil
Foto capa: Mapa
Com supervisão de Daniel Catuver, jornalista.*