Cultivo de tomate sem solo alcança produção superior no Ceará

Plantio reduz uso de defensivos agrícolas e aumenta valor comercial do fruto

13/10/2022 às 20:15 atualizado por Ayanne Gladstone* - SBA | Siga-nos no Google News
:

Um sistema de cultivo protegido de tomate, desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), apresentou produtividade superior na região da Serra da Ibiapaba, zona norte do Ceará. Os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento da produção de tomate em cultivo protegido e sem solo foram iniciados em 2009. 

De acordo com o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Fábio Miranda, a produtividade de tomate cereja obtida foi de 166 toneladas por hectare ao ano, comercializados com preços acima dos alcançados com o tomate produzido no sistema tradicional. Os experimentos foram realizados nos municípios de Guaraciaba do Norte e São Benedito. 

No cultivo sem solo do tomateiro, as plantas se desenvolvem em vasos ou sacos de cultivo contendo algum tipo de substrato, como fibra da casca de coco, areia, vermiculita, casca de arroz carbonizada, casca de pinus, entre outros. Segundo a pesquisa, o tipo de plantio apresenta melhor controle da irrigação e da nutrição, redução do uso de defensivos agrícolas, maior eficiência do uso da água e de fertilizantes, obtenção de frutos mais uniformes e com maior valor comercial e redução de custos com mão de obra.

O cultivo pode ser feito em qualquer época do ano e em locais com solos afetados por patógenos de solo, como nematóides, fungos ou bactérias. A produção comercial pode alcançar cerca de 160 toneladas de tomate cereja por ha/ano ou 280 toneladas de tomate salada por ha/ano. 

Proteção 

A região da Serra Ibiapaba possui uma área de cultivo de tomate estimada em 1,8 mil hectares, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O entomologista e pesquisador da Embrapa, Lindemberg Mesquita, explica que os cultivos de tomate em campo aberto enfrentam problemas graves de incidência de pragas e de doenças de solo, que comprometem a cultura em várias propriedades. A solução tradicional é a aplicação intensiva de defensivos químicos, com riscos ao meio ambiente e à saúde de trabalhadores e consumidores. 

No cultivo em estufa e sem solo, o uso de nematicidas e herbicidas é descartado, enquanto o uso de fungicidas pode ser reduzido em mais de 90% em relação ao cultivo em campo aberto. No entanto, o pesquisador afirma que o monitoramento de pragas e doenças no cultivo protegido ainda é indispensável. “Mesmo com todas as precauções, algumas espécies de insetos ainda são encontradas no interior da estufa, e uma das maneiras de se constatar a ocorrência de pragas é por meio da utilização de armadilhas’. 

Tomaticultura 

O tomate é uma das hortaliças mais consumidas no Brasil, seja in natura ou processado, e pode ser usado em molhos para massas, sucos e saladas. Foram produzidas no Brasil, entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022, 3,6 milhões de toneladas de tomate em uma área de 51,6 mil hectares, segundo o LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola), publicado pelo IBGE em janeiro. 

Goiás foi o estado com maior produção, totalizando 971.432 toneladas. No Nordeste, a Bahia se destaca com 178.004 toneladas por ano. No Ceará, a produção de tomate chegou a 141.186 toneladas anuais. 

Com informações e foto da Embrapa 

Com supervisão de Daniel Catuver, jornalista.* 


Últimas Notícias