Após altas consecutivas, preço do leite e derivados cai ao produtor

Seca na região Sul e o alto custo de produção contribuíram com a elevação de valor dos produtos

28/09/2022 às 11:34 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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Alta do preço derrubou a demanda por leite e produtos lácteos
Foto: Embrapa

Depois de registrar aumentos seguidos, que chegaram a superar 60% no acumulado em um ano, e tornar-se o vilão da inflação dos alimentos, o índice de preço do leite começa a reduzir. De acordo com o CILeite (Centro de Inteligência do Leite) da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o movimento de queda tem sido registrado em todos os produtos lácteos, o que inclui também o valor recebido pelos produtores.

O pesquisador da Embrapa Gado de Leite (MG), Samuel Oliveira, destaca que o período de alta pode ter cessado. “Segundo dados divulgados pelo Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite dos estados, o Conseleites, em relação ao pagamento ao produtor em setembro, podemos afirmar que o movimento de alta chegou ao fim”, afirma.

Fatores de alta

Diversos motivos influenciaram a forte pressão sobre o preço do leite e seus derivados, entre eles a queda na oferta do produto. O período de entressafra, que ocorre nos meses de outono e inverno, quando há menos pasto para o rebanho, contribuiu com o declínio da produção, além do elevado custo de produção e a queda da rentabilidade das fazendas.

A guerra no Leste Europeu, o incremento no preço dos fertilizantes, dos combustíveis e das commodities agrícolas em geral, a desorganização das cadeias produtivas, que ocorreu mundialmente devido à pandemia de Covid-19, também fizeram a produção retroceder acima do normal.

Segundo o pesquisador da Embrapa, Glauco Carvalho, outro fator não muito positivo que puxa as cotações para baixo é a queda na procura pelo produto por parte do consumidor. “A inflação comprometeu o poder de compra dos salários e impôs dificuldades para o mercado assimilar o aumento dos preços, o que causou redução significativa da demanda”, afirma. As consequências desse conjunto de fatores chegaram primeiro ao mercado atacadista, no qual o preço do leite UHT (Ultra High Temperature), também conhecido como Longa Vida ou "leite de caixinha", caiu 23,5% em agosto e a muçarela, 15,7%.

No mercado atacadista, leite UHT caiu 23,5% e a muçarela, 15,7%.
Foto: Arquivo/Canal do Boi

A primeira quinzena de setembro já esboça alguma estabilidade nos preços, mas a tendência é que a redução se amplie em outubro, quando a produção nas regiões Sudeste e Centro-Oeste cresce. Mas o consumidor já percebe a desaceleração e até mesmo a queda nos preços dos lácteos no varejo. Depois do grande salto verificado em julho (14%), o aumento do leite em agosto foi de 0,4%, com destaque para a queda de 1,8% no preço do leite UHT.

Com a chegada da primavera no Hemisfério Sul, e com ela o período das chuvas, a produção no campo começa a aumentar, primeiro nos estados do sul do País e, depois, nas demais regiões. Para o pesquisador Glauco Carvalho, da Embrapa, o aumento da produção já pode ser observado no mercado spot (compra e venda de leite entre as indústrias). “O spot registrou queda de 37,6% no preço praticado em agosto, fechando a segunda quinzena a R$ 2,83 o litro. Isso sinaliza uma rápida mudança de tendência em relação aos últimos meses, demonstrando que começou a haver maior quantidade da matéria-prima disponível na indústria”, defende.

Ainda segundo a Embrapa, o melhor preço pago ao produtor em função da diminuição da oferta estimulou o setor primário a investir mais na alimentação do rebanho e as vacas responderam com maior volume de leite. Outra frente que motivou a ampliação da oferta foram as importações, que atingiram o equivalente a 172 milhões de litros em agosto, 63,3% maior em relação a julho e 129,9% em comparação com agosto de 2021.

Com informações e foto da Embrapa


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