Agricultura de precisão favorece produção de vinhos diferenciados em SP

Prática contribui para o aumento da qualidade do produto nacional

07/09/2022 às 12:40 atualizado por Ayanne Gladstone* - SBA | Siga-nos no Google News
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Com aplicação da vitivinicultura de precisão, pesquisadores comprovaram que a variação de atributos do solo e da planta em pequenas áreas do mesmo vinhedo promove características diferentes às uvas e vinhos. A pesquisa foi realizada pela Embrapa Instrumentação (SP), na vinícola Terras Altas, em Ribeirão Preto. 

O trabalho avaliou a produção de uvas em 2020 e 2021 por meio de metodologia e equipamentos associados à agricultura de precisão. Os vinhos ‘Syrah’ de inverno foram delimitados em duas zonas de manejo denominadas Z1 e Z2, em porta-enxertos nomeados ‘Paulsen 1103’ e ‘IAC 572’.   

Em 2020, os vinhos originados do ‘Paulsen 1103’ apresentaram maior acidez volátil, enquanto o ‘IAC 572’ conferiu nível superior de pH, teor de antocianinas e poder antioxidante. Em 2021, os vinhos provenientes da Z1 apresentaram maior teor de álcool, açúcar, pH e tonalidade. Já os vinhos da Z2 ostentaram mais concentração de antocianinas, índice de polifenóis totais e intensidade. 

De acordo com o engenheiro agrônomo e diretor da vinícola Terras Altas, Ricardo Baldo, a prática pode originar vinhos com características diferenciadas, que despertam interesse da vinícola. “Os resultados da pesquisa têm impacto direto na qualidade do vinho e podem, sem dúvida, contribuir para o aumento da qualidade do produto nacional”, afirma. 

Hipótese comprovada 

Os pesquisadores partiram da hipótese de que a variabilidade de atributos do solo e da videira em um mesmo vinhedo acarretaria em características diferentes nas uvas e vinhos originados. A suposição foi confirmada após a variabilidade espacial e temporal da vinícola Terras Altas ocorrer mesmo em pequenas áreas da unidade de produção.

Potencial vitícola 

Mais de 70% do estado de São Paulo apresenta aptidão edáfica para o cultivo da videira, segundo zoneamento pedoclimático realizado pela USP (Universidade de São Paulo), UFScar (Universidade Federal de São Carlos) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). No entanto, o potencial vitícola regional é mais proeminente no outono e inverno, quando as condições climáticas favorecem a maturação das uvas. 

Emprego e renda 

O gerente-executivo da Anprovin, Matheus Cassimiro, afirma que vinícolas que incrementam projetos envolvendo o enoturismo fomentam negócios e geram mais empregos. O cálculo de criação de trabalho no campo é de um funcionário por hectare, sem contar espaços enoturísticos. “Isso impõe a contratação de uma mão de obra na área de serviços, com treinamento para recepção ao público e até conceitos de hotelaria. Esses espaços atraem renda não só para os próprios locais, mas também para os municípios”, garante o gerente-executivo. 

Com informações e foto da Embrapa 

*Com supervisão de Daniel Catuver, jornalista. 


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