'O pior da inflação já passou', afirma presidente do BC

Pronunciamento ocorreu durante o 10º Fórum Jurídico de Lisboa

27/06/2022 às 19:15 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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Nesta segunda-feira (27), o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse que “o pior momento da inflação já passou”, e que, graças ao histórico de convívio que o Brasil teve com altos índices inflacionários, a autoridade monetária brasileira conseguiu “sair na frente”, adotando ferramentas capazes de frear o processo inflacionário. As afirmações foram feitas durante um painel no Décimo Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal.

Durante o discurso, o dirigente do BC lembrou que o Brasil “é um dos poucos países que no meio desse processo está tendo revisões para cima” do PIB (Produto Interno Bruto). “Inclusive a nossa última revisão no BC aumentou [a previsão de crescimento do PIB] de 1,5% para 1,7% [em 2022]. Provavelmente teremos PIB forte no segundo trimestre. Obviamente, em algum momento, tudo que estamos fazendo vai gerar alguma desaceleração no segundo semestre. Mas ainda assim o crescimento é bastante melhor do que se esperava no início do ciclo de ação”, declarou Campos Neto.

Para ele, a experiência que o Brasil tem com o combate à inflação tem ajudado na definição estratégica para amenizar este problema. “Como nós, no Brasil, entendemos que era problema mais de demanda, na minha opinião, até um pouco antes dos demais países, o Banco Central do Brasil saiu na frente porque temos memória de inflação muito maior, e mecanismos de indexação muito mais vivos”, disse.

Campos Neto ressaltou que todos os países estão subindo juros e que, enquanto alguns estão no meio do caminho, o Brasil já está muito perto de ter feito o trabalho todo. “Vamos ver ainda alguns países subindo bastante os juros”, acrescentou.

Ainda segundo o dirigente, o Brasil também apresenta um “componente de aceleração da inflação". Ele, no entanto, disse acreditar que o pior momento da inflação já passou. “Temos algumas medidas desenhadas pelo governo que ainda precisamos entender os efeitos delas no processo inflacionário, o que ainda não está claro, mas o Brasil fez o processo antecipado e acreditamos que nossa ferramenta é capaz e vai frear o processo inflacionário”, relatou.

Preços e investimentos

Na avaliação do presidente do Banco Central brasileiro, os índices inflacionários que estão sendo registrados em diversos países têm como origem uma “desconexão entre preços e investimentos” que vai além do petróleo, abrangendo também os alimentos.

“Os governos estão enfrentando o dilema de garantir segurança energética e alimentar para a população”, disse. Nesse sentido, “muitos países, em função da guerra, estão adotando medidas protecionistas que estão contaminando o resto da cadeia de inflação”. “E o anseio de gerar segurança alimentar e energética dos governos está sendo feito de maneira descoordenada e gerando queda de investimento”, declarou.

Segundo Campos Neto, a falta de coordenação está gerando queda em investimentos tanto em energia quanto em alimentos. “Precisamos entender que quem produz alimentos e energia não é o governo, mas o setor privado e que o governo tem de endereçar o problema das classes sociais mais baixas, mas não pode se desviar das práticas de mercado, porque, no final das contas, são os mercados que produzem alimentos e energia”, finalizou.

Com informações da Agência Brasil

Foto de capa: Arquivo Canal do Boi


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