Inflação e margens menores deverão impactar custos dos grãos, afirma FecoAgro/RS

Estudo indica alta de 42,79% para soja e 71,43% para o milho nas relações de troca

12/05/2022 às 16:30 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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Dados da primeira projeção de custos de produção das lavouras de milho e soja para o verão, divulgados pela FecoAgro/RS (Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul) apontam níveis de elevação preocupantes.

Com base nos preços de 1º de maio de 2022, a soja indica uma perda por parte do produtor na relação de troca de 32,80% em número de sacas necessárias para pagar o custo total de produção que, antes, era de 29 sacas, e agora aponta uma necessidade de colheita de 38 sacas.

Em relação ao custo variável, os donos de cultivares terão que colher 26 sacas, enquanto que na safra passada foram 18, o que corresponde a uma elevação de 42,79%. Na avaliação da entidade, isso reduz significativamente a rentabilidade futura apesar dos preços no mercado permanecerem aquecidos.

No caso do milho, a relação de troca teve um impacto maior pelo fato de usar mais insumos do que a soja. Com isso, o produtor vai precisar colher 117 sacas por hectare para cobrir o custo total de produção ante as 75 sacas da safra anterior, um aumento de 55,83% de produção diante do atual patamar de custo. Quanto ao custo variável, o produtor sofreu impacto maior e deverá produzir 88 sacas por hectare frente às 51 sacas da última safra, o que corresponde a uma elevação de 71%.

O custo do milho registrou uma elevação de 53,88% nos últimos 12 meses, enquanto que o preço do cereal teve redução ao produtor em 1,25% no mesmo período comparado, de maio de 2021 para maio de 2022.

De acordo com a FecoAgro/RS, os novos patamares de custos, tanto no milho quanto na soja, indicam uma forte tendência de queda da rentabilidade nas duas culturas, reduzindo em 20,41% na soja e 50,25% no milho para próximo ciclo.

Outras atenções ficam por conta da possível restrição de oferta de insumos para a próxima safra de verão, disponibilidade de crédito e as possíveis elevações das taxas de juros para crédito rural no próximo plano safra em função do consecutivo aumento da taxa Selic. Essa elevação tem preocupado o setor produtivo, e, se for efetivada, pode retardar ainda mais a recuperação das perdas do produtor em detrimento dos efeitos causados pela seca no Rio Grande do Sul.

A Federação também atualizou os números relativos à cultura do trigo. De acordo com o levantamento, na segunda revisão, poderá ocorrer um aumento de custo de 51,71% nos últimos 12 meses para o cereal. Com isso, o triticultor vai precisar colher 64 sacas por hectare para cobrir o custo total, ou seja, 24,9% a mais de produção do que na safra anterior.

Em contrapartida, para pagar os gastos com o desembolso e atingir o ponto de equilíbrio, o produtor precisará colher 50 sacas. Neste caso, os preços tiveram aumento maior que nas outras culturas, por isso a situação não é mais desfavorável ao produtor, que tem boa expectativa de mercado neste ano com aumento de área expressivo devido a esta condição.

A FecoAgro/RS afirma que o produtor vai ter que ser mais assertivo no planejamento da próxima safra em razão do atual cenário de custos elevados, e que qualquer queda de produtividade poderá gerar prejuízos ainda maiores.

A expectativa para a próxima safra, apesar dos elevados custos que vêm reduzindo a rentabilidade das culturas, é de uma recuperação da produção tanto na soja como na cultura do milho no Rio Grande do Sul

Com informações e foto da FecoAgro/RS


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