Primeira antena 5G em área rural do Brasil aguarda leilão para operar

Infraestrutura inaugurada em maio também precisa de regulamentação da nova tecnologia de internet

03/11/2021 às 12:00 atualizado por Thalya Godoy - SBA | Siga-nos no Google News
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Inaugurada em maio no Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), a primeira antena de conectividade 5G em área rural do Brasil ainda não entrou em funcionamento. A espera da conexão de internet de alta velocidade está ligada à regulamentação da rede no país, que depende de um leilão para a concessão das faixas de radiofrequência, marcado para o dia 4, na sede da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em Brasília (DF).

Há 15 empresas interessadas no leilão, que reúne, entre elas, as grandes operadoras de telefonia no país, como Claro, TIM e Vivo. A licitação será destinada a quatro faixas de radiofrequências: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz, divididos em lotes nacionais e regionais.

A estimativa, se todos os lotes forem arrematados, é de uma arrecadação de R$ 49,7 bilhões, com R$ 3,06 bilhões deste montante destinados ao Tesouro Nacional. O restante será voltado a investimentos previstos no edital, por conta das empresas (R$ 39,1 bilhões), o que inclui, por exemplo, uma rede exclusiva para o governo em Brasília.

Os outros R$ 7,57 bilhões deverão ser investidos para custeio de internet em escolas de educação básica. 

A expectativa é que as 26 capitais do país e Distrito Federal tenham a conexão com o 5G até julho de 2022.

No Senado Federal, no final de outubro, parlamentares e especialistas cobraram a cobertura de internet em áreas remotas do Brasil e prazos sobre a data de implantação de rede nessas áreas. O edital do leilão prevê alguns compromissos. 

Aproximadamente 2 mil municípios sem cobertura plena e mais de 500 municípios com até 600 habitantes deverão ser atendidos ao menos com redes 4G e também está previsto sinal de internet em 48 mil quilômetros de rodovias federais. 

No IMAmt, em Rondonópolis, foi realizado um teste com a internet de alta velocidade em 11 de maio deste ano, durante a inauguração da primeira antena de rede 5G em área rural do país. O evento contou com a presença dos ministros Tereza Cristina Corrêa (Agricultura) e Fábio Faria (Comunicações). 

Desde lá, o instituto aguarda a regulamentação do 5G no Brasil para poder colocar em funcionamento os projetos que tem elaborado visando o uso da rede.

Primeira antena de conectividade 5G em área rural do Brasil está no Mato Grosso. Foto: IMAmt

 

O diretor-executivo do IMAMT, Álvaro Salles, explica que a ideia, por enquanto, é que a área experimental do instituo funcione como “uma vitrine de conectividade” próxima a pequenas propriedades rurais com agricultura e pecuária e que sejam desenvolvidas aplicações para o uso do 5G.

“Ainda não temos o 5G, mas a ideia é estar com alguns projetos discutidos, desenvolver 'armadilhas' para monitorar eletronicamente o controle de pragas, principalmente, no caso do algodão, como o bicudo [besouro do bicudo-do-algodoeiro], desenvolver o monitoramento de máquinas, e também a parte de segurança no meio rural”, destaca.

Salles afirma que o aumento da segurança foi eleito como uma das prioridades no desenvolvimento de sistemas de monitoramento para maior controle das áreas rurais à noite, com possibilidade de conexão direta com forças de segurança. 

“Hoje a gente sabe que a área rural é muito desprotegida, com roubos de animais e de tratores. As sedes são distantes umas das outras - não como nas cidades. Muita gente não quer morar na fazenda por falta de segurança. Então, é um assunto que priorizamos desde o início e esperamos avançar bem nessa parte”.

Salles também destaca que a expectativa é que, com a chegada da internet de alta velocidade, os trabalhos avancem em temas como o funcionamento de máquinas, de serviços, monitoramento climático e de umidade do solo.

A chegada da tecnologia 5G promete uma transformação na produção do agronegócio com a integração de dados e informações que conectem solo-planta-animal. 

Outro setor que deve ser impactado pela nova geração de internet é o de educação. Além do valor previsto para investimento na educação básica, com o resultado dos arremates do leilão, a formação técnica também deve ser beneficiada na região de Rondonópolis. 

Por isso, o IMAmt firmou convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) para ofertar cursos de capacitação que demonstrem aos alunos o uso e como utilizar essa tecnologia. Também está em negociação outra empresa do Sistema S para fazer aplicação do 5G no ensino da região. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) oferta o curso de agrocomputação para conectar a escola ao campo. 

“Os alunos, por exemplo, vão ver em tempo real o que está acontecendo no campo experimental. A ideia é conectar tudo o que for máquina móvel, o que se mover o gerente da propriedade vai poder saber o que está funcionando, como um trator ou plantadeira se deslocando. A gente quer conectar todos os nossos equipamentos no sistema”, acredita.

Foto de capa: IMAmt


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