Dia da Mulher Rural: força feminina no agronegócio

Hoje (15) é comemorado o Dia da Mulher Rural

15/10/2021 às 11:00 atualizado por Thauana Luares* - SBA | Siga-nos no Google News
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Produtora de soja na colheita do grão
Foto de capa: Wenderson Araujo/Trilux

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) aponta que entre 2002 a 2015, a Taxa de Participação Feminina na Força de Trabalho (TPFT) aumentou 3 pontos percentuais, chegando a 40% em 2015.

Segundo um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), entre 2004 a 2015 houve a redução de 6,6% do total da população ocupada (PO) do agronegócio. Do total, foi registrada uma queda de 11,6% no número de homens atuando no setor e uma alta de 8,3% na participação feminina. 

No mesmo período, houve um aumento de 3,86% na  participação de mulheres no mercado de trabalho do agronegócio, de acordo com o Cepea. Apesar das evoluções, o número de mulheres à frente de propriedades agropecuárias ainda é baixo. Em 2015 esse volume foi de apenas 15,31%, com a maior concentração no setor pecuário.
O Censo Agropecuário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017, identificou 947 mil mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais. De acordo com a pesquisa, o país tem 5,07 milhões de propriedades, destas apenas 19% são lideradas por mulheres.

A região Nordeste concentra a maior participação feminina do país, com 57%. A menor,  6%, é ocupada pelo Centro-Oeste. 

De acordo com o Censo, cerca de 9,6% das mulheres possuem conhecimento técnico e 5,3% são cooperadas em alguma atividade associativa. 

A participação feminina em cargos de liderança tem crescido nos últimos anos. A multinacional alemã de saúde e nutrição, o Grupo Bayer no Brasil, terá pela primeira vez em sua história uma presidente mulher. O cargo será ocupado por Malu Nachreiner, a partir de 1º de novembro. 

Um de muitos exemplos é a Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas (Coomafitt), localizada em Itati, no Rio Grande do Sul (RS), que é presidida por Micheli Bresolin Jacoby. No local são produzidos hortifruti, citrus, banana, açúcar mascavo, melado, aipim ou mandioca, entre outros produtos. 

A presidenta da Coomafitt participa da coperativa desde 2015
Foto: Allan Fernandes | Comunicação Coomafitt

A presidenta formada em licenciatura em matemática e gestão comercial, iniciou sua carreira na cooperativa em 2015. Desde então já ocupou cargos de coordenadora de produção, diretora administrativa, vice-presidência e atualmente a presidência. 

Ela explica que sua  jornada foi complicada. Algumas pessoas não acreditavam na sua capacidade de ser presidente de uma cooperativa. 

“Minha trajetória foi engraçada, a primeira reunião que participei da Coomafitt teve tema sobre a participação das mulheres, gostei muito da forma de trabalho. No próximo ano abriu uma vaga para coordenadora de produção e lá estava eu. Após isso, fui diretora administrativa, depois vice-presidenta, e hoje a primeira mulher presidenta da cooperativa. Existem várias barreiras para a mulher conseguir conquistar seu espaço, umas delas é quando muitas vezes me deparo sozinha em reuniões com vários homens que representam outras cooperativas, mas busco fazer o melhor possível e não me importo com opiniões contrárias”, desabafa a presidenta.

A Coomafitt possui 286 associados, destes 194 são homens e 92 são mulheres, ou seja, 33%. “Hoje no conselho fiscal da cooperativa, metade são mulheres. Vejo vários sindicatos da região agora com mulheres na presidência ou a caminho. As mulheres da minha região são muito fortes e capazes, muitas vezes basta apenas um empurrão”, disse Jacoby. 


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