Cigarrinha e enfezamentos do milho desafiam produtores; confira recomendações de manejo

Doenças podem provocar perdas de mais de 70% na produtividade das lavouras

05/10/2021 às 15:59 atualizado por Redação - SBA | Siga-nos no Google News
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Os Produtores que vão plantar a próxima safra de verão ou a segunda safra com milho em todo o País, devem ficar atentos a um grave problema que ainda não tem medidas curativas: os enfezamentos pálido e vermelho do milho, doenças que podem provocar perdas de mais de 70% na produtividade das lavouras.

“Estamos numa região com muitos cultivos de milho o ano todo e, considerando o potencial de dano dos enfezamentos, podemos ter problemas muito sérios se não começarmos a dar uma atenção especial à questão da cigarrinha-do-milho”, alertou o supervisor de Transferência de Tecnologia (TT) da unidade Cerrados, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Sérgio Abud.

Ele acrescentou que a ocupação das áreas com lavouras de diferentes culturas ao longo do ano fornece alimento para diversas pragas e favorece sua multiplicação. Portanto, é necessário manter o equilíbrio agroecossistêmico em nível regional manejando de forma integrada o complexo de pragas do sistema de produção, e não apenas uma praga isoladamente.

Entre as medidas inadequadas de manejo da lavoura que oferecem alto risco de infestação por pragas estão o plantio dos mesmos cultivos nas mesmas áreas; o uso das mesmas variedades em grandes áreas, ano após ano, gerando forte pressão de seleção de indivíduos mais resistentes; o cultivo de transgênicos (Bt) sem áreas de refúgio ou manejo da resistência a pragas; o uso inadequado de inseticidas, com misturas de produtos e aplicações calendarizadas, que levam à perda da eficácia dos princípios ativos; e a exploração intensiva de culturas hospedeiras suscetíveis, formando a chamada 'ponte verde' no campo.

Medidas buscam evitar a disseminação dos molicutes

Quanto ao manejo dos enfezamentos, Abud salientou que nenhuma medida tomada de forma isolada é eficaz, sendo que nenhuma é 100% eficiente e que não há medidas curativas.

“À medida em que os molicutes chegarem à planta, vai depender da resposta dessa planta ao clima, da cultivar e do momento da infecção para sabermos o tamanho do prejuízo”, reforçou, destacando a necessidade de controle da população de cigarrinhas na fase inicial para reduzir o efeito de concentração das cigarrinhas infectivas.

Abud detalhou ainda uma série de medidas para reduzir os prejuízos causados pelos enfezamentos do milho, a saber:

Na entressafra:

• Eliminar plantas de milho voluntárias (tigueras) e manter a lavoura no limpo.

Na semeadura:

• Sincronizar o período de semeadura na região;
• Evitar a semeadura do milho em proximidade de lavouras mais velhas com alta incidência de enfezamentos;
• Diversificar e rotacionar cultivares de milho;
• Usar híbridos com maior tolerância genética aos enfezamentos;
• Usar sementes certificadas e tratá-las com inseticidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Tratar as sementes vai reduzir a transmissão dos molicutes na fase inicial da cultura.

Durante o cultivo:

• Monitorar a presença da cigarrinha entre as fases VE (emergência) e V8 (oitava folha) do milho e aplicar inseticidas registrados para reduzir ao máximo a população de cigarrinhas;
• Rotacionar os modos de ação para evitar a resistência aos inseticidas;
• Controlar a qualidade da colheita e evitar a perda de espigas e grãos.

Após a colheita:

• Transportar o milho colhido e evitar a perda de grãos nas estradas;
• Fazer a rotação de cultivos e evitar o plantio sucessivo de gramíneas.

Com informações da Embrapa. 

Foto de capa: Fabiano Bastos - Embrapa. 


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