BC regulamenta depósitos voluntários renumerados de instituições financeiras

Novo instrumento de política monetária pode entrar em vigor no fim de agosto

20/08/2021 às 10:59 atualizado por Redação - SBA | Siga-nos no Google News
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O Banco Central (BC) regulamentou a operacionalização dos depósitos voluntários remunerados de instituições financeiras. A nova modalidade de política monetária poderá começar a ser utilizada na semana de 30 de agosto, após a realização de testes na semana que vem, informou ontem (19) a autoridade monetária.

A data exata ainda será decidida pela diretoria do BC.

“Com a nova ferramenta, o Banco Central aperfeiçoa a gestão da liquidez bancária e se equipara a outros importantes bancos centrais do mundo que já atuam com o instrumento”, informou o Banco Central em nota.

Presentes em diversos países, os depósitos voluntários remunerados ajudam no controle da inflação, em razão de retirar dinheiro em circulação da economia. O uso desse instrumento estava autorizado pela Lei 14.185, sancionada em julho pelo presidente Jair Bolsonaro.

Além dos depósitos voluntários, o BC tem três ferramentas para fazer política monetária e regular a quantidade de dinheiro em circulação. A mais utilizada são as operações compromissadas, venda e compra de títulos públicos na carteira do Banco Central por prazos curtos, e que sustentam a taxa Selic fixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Os outros instrumentos são os depósitos compulsórios, dinheiro que as instituições financeiras são obrigadas a manter no Banco Central, e as operações de redesconto, empréstimos para socorrer por algumas horas ou dias bancos que não conseguem cumprir os requisitos mínimos de capitais das instituições financeiras.

Sem endividamento

Ao contrário das operações compromissadas, que envolvem títulos da dívida pública, os depósitos voluntários não impactam o endividamento do governo. Segundo o chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC, André de Oliveira Amante, a remuneração dos depósitos voluntários deve ser semelhante à das operações compromissadas, atrelada à Selic.

Apesar da remuneração similar, o volume voluntariamente depositado pelas instituições financeiras no Banco Central deve ficar bem abaixo dos níveis das operações compromissadas. Atualmente, existem de R$ 920 bilhões a R$ 930 bilhões em operações compromissadas de curto prazo no país.

A vantagem dos depósitos voluntários está na simplicidade e na praticidade. “Do lado do Banco Central, eles são muito favoráveis porque independe da existência de lastro na carteira de títulos [do BC]. Isso está em linha com a lei de autonomia do BC”, destacou Amante.

Ele explicou ainda que os depósitos serão oferecidos de duas maneiras: em leilões com hora marcada e em ofertas permanentes, que permitem aos bancos fazerem os depósitos quando quiserem. Segundo ele, o BC pretende começar a oferecer os depósitos voluntários pela segunda modalidade. Os testes operacionais serão feitos no próximo dia 25.

Dependendo do resultado, o instrumento pode entrar em vigor a partir do dia 30, mas a data ainda precisa ser ratificada pelos diretores do órgão.
 

Informações e imagem de capa: Banco Central


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