Força-tarefa tenta conter entrada da Peste Suína Africana no Brasil

Plano de vigilância terá inspeção de 100% das bagagens de passageiros da República Dominicana

15/08/2021 às 09:00 atualizado por Lucas Caxito* - SBA | Siga-nos no Google News
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Os auditores fiscais federais agropecuários estão em estado de alerta com a Peste Suína Africana (PSA), doença que apesar de não oferecer risco à saúde humana, pode dizimar criações de suínos, em razão de sua alta taxa de transmissão e mortalidade. 

A PSA é considerada pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) como uma das doenças mais relevantes para o comércio internacional de produtos suínos.

O objetivo  da ação é inspecionar 100% das bagagens provenientes da República Dominicana, nos aeroportos de Guarulhos, Galeão, Confins, Porto Alegre e Brasília . As ações de reforço à vigilância sanitária estão previstas inicialmente, para durar oito meses.Neste sentido, para evitar que a Peste Suína Africana (PSA), erradicada no Brasil desde a década de 1970, volte a ameaçar o rebanho suíno brasileiro, auditores fiscais federais agropecuários (Affas) foram convocados pelo Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa) para uma força-tarefa, especialmente nos aeroportos brasileiros.

Segundo o diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Geraldo Marcos de Moraes, estão inclusas no plano de contenção da doença, reuniões por videoconferência com os representantes do Plano Nacional de Sanidade Suídea (PNSS) em cada unidade da federação. 

O objetivo é acompanhar a situação da PSA naquele país, e reforçar procedimentos a serem adotados em cada unidade, intensificando as atividades de vigilância e prevenção para a  doença, se necessário.

A força-tarefa faz parte do PNSS, e inclui ainda a vigilância realizada para Peste Suína Clássica (PSC), na zona livre da doença e será ampliada para Peste Suína Africana (PSA) e Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS).

Ainda de acordo com o diretor, serão 30 a 40 fiscais atuando na gestão do Plano. Cada órgão estadual de sanidade agropecuária, já conta com um médico veterinário oficial representante do Plano e responsável pela coordenação estadual da sanidade Suídea. 

Auditores Fiscais Federais Agropecuários

Os auditores têm papel essencial na gestão e coordenação do PNSS, uma vez que cada unidade federativa acompanhará e supervisionará as atividades realizadas pelos órgãos estaduais de Sanidade Agropecuária, conforme recomendado no Plano Integrado de Vigilância, destaca o médico veterinário da Divisão de Sanidade dos Suídeos do Mapa, Newton Nascentes Galvão.

Para o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), contudo, é importante ressaltar que o número de auditores reduziu substancialmente nos últimos dois anos, e que já há, por parte da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), registros de sobrecargas de trabalho desses profissionais, situação agravada pela pandemia. 

Segundo o sindicato, são 2.542 fiscais que atuam nas barreiras. Desse total, 313 servidores estão lotados na Vigilância Agropecuária Internacional, equipe 23% menor que o de agosto de 2019. 

A entidade alerta para Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que estima prejuízo em torno de US$ 5,5 bilhões, apenas no primeiro ano do surto, caso essa doença chegue ao Brasil, considerando o número de suínos abatidos. 

Mercado brasileiro

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de carne suína no mundo. Em 2020, foram 4,43 milhões de toneladas, cerca de 4,54% da produção mundial, e exportou 1.024 mil toneladas, 23% da produção nacional, para 97 países. 

Em Mato Grosso do Sul (MS) a ameaça de contaminação da doença coloca os produtores em estado de alerta. 

"Hoje há uma grande preocupação com a Peste Suína Africana, após a chegada dela na República Dominicana no final de julho. Nós sunicultores estamos redobrando a nossa biosseguridade, controlando a limpeza dos caminhões e a entrada de pessoas, de animais, e de alimentos na granja", enfatizou a produtora de suínos, Eleiza Arão.

Ela reitera a importância dos auditores nas barreiras sanitárias. 

"A recomendação é fechar mais ainda as granjas. O serviço de inspeção do Brasil faz um excelente trabalho, estão de antenas ligadas redobrando os cuidados com os animais recebidos no país e se Deus quiser, essa doença não virá pra cá", finaliza Eleiza.

Foto de capa: Wenderson Araujo - Trilux

*Texto com supervisão do Jornalista Valdecir Cremon. 


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