As geadas registradas nos dias 20 e 30 de julho de 2021, impactaram as lavouras de café em Minas Gerais (MG). Os produtores do grão preveem perdas de plantas em maturação e estimam uma redução de quase 40% na safra 2022/2023.
Em entrevista ao programa Agricultura BR, do Canal do Boi, o presidente da Associação Nacional dos Cafeicultores (Sincal), Armando Matiello, afirmou que as mudanças climáticas em 2021 foram muito severas e prejudiciais para os cafeicultores, dentre as mudanças ressalta a ocorrência de duas secas consecutivas no ano.
De acordo com Matiello, alguns pontos devem ser seguidos para diminuir os impactos já existentes, como a comercialização lenta e outros fatores.
O cafeicultor da região de São Pedro da União (MG), Fernando Barbosa, conta que os impactos das geadas serão significativos para as safras de 2022 e 2023.
“Nos preocupamos muito com a safra de 2022/2023, o impacto gerado pela geada, não pode ser visto apenas como a perda dos cafeicultores de uma região. Temos que ver o impacto como um todo, afinal de contas o café não é um grão, mas sim uma cadeia produtiva, onde quando ocorre um problema, todos os participantes desta cadeia sofrem”, pontua o produtor.
Lavoura de café impactada pelas geadas
Foto: Fernando Barbosa
Segundo o cafeicultor, cerca de 30% de suas plantações foram afetadas devido à geada do dia 20 de julho.
“Terei que fazer o replantio [nas novas lavouras] e perder um ano ou mais, porque a lavoura que foi afetada é no meio da lavoura, em uma bacia côncava. Os técnicos já estão fazendo a análise, e orientando quanto e como será a tomada de decisão desse talhão, porém já observando que será feito o replantio”, explica.
A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) disse em nota, que desde a ocorrência de geadas em sua área de ação, sua equipe técnica está trabalhando no levantamento de lavouras atingidas para analisar o impacto na produção e, consequentemente, nos resultados da próxima safra.
“A Cooxupé ainda acrescenta que a avaliação do real impacto das geadas só será possível após a ocorrência das chuvas, quando as lavouras mostrarão como irão se comportar. Assim, a cooperativa terá um cenário mais sólido sobre o que fazer em relação às lavouras atingida”, disse a cooperativa.
Geadas
As mudanças climáticas podem gerar diversos fenômenos naturais como as geadas, que resultam na queda de temperatura e criação de finas camadas de gelo sobre plantas ou demais superfícies planas, ocasionando na perda das plantas.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil é o maior produtor de café, responsável por cerca de 35% de toda produção mundial.
Além disso, em uma pesquisa realizada pela Organização Internacional do Café (OIC), o país cultivou em 2020 cerca de 69 milhões de sacas de 60kg, destes 22,4 milhões foram destinados para a exportação, permitindo ao país o primeiro lugar no ranking de exportação.
Em virtude das geadas, diversos produtores de café do Brasil estão sem estoques e as reservas estrangeiras estão baixas, o que deixa o cafeicultor sem opções de coletar do grão em outros países próximos.
A Prefeitura Municipal de São Pedro da União (MG) decretou no dia 9 de agosto, situação de emergência no município, frente a vulnerabilidade econômica e financeira no estado.
Para auxiliar os cafeicultores prejudicados com as últimas geadas, o Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) aprovou na terça-feira (10) a criação de reserva no valor de R$ 1,32 bilhão no orçamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).
*texto supervisionado por Douglas Silvério, jornalista do Canal do Boi.