A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma forma de produção agropecuária, responsável por integrar sistemas agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área ou gleba, em consórcio, sucessão ou rotação de culturas formando um unico sistema. A ILPF, pode também ser definida como uma estratégia que busca efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecosistema, beneficiando a adequação amiental, a valorização do homem e a possibilidade econômica da agropecuária.
Diferentes sistemas produtivos são envolvidos pela ILPF, contemplando por exemplo a produção de alimentos, fibras, energia, produtos madeireiros ou não madeireiros, de origem vegestal ou animal, realizadas de forma integrada em uma mesma área para potencializar os ciclos biológicos das plantas e dos animais, assim como o aproveitamento dos insumos e respectivos resíduos.
De acordo com o Pesquisador da Embrapa Cerrados, Luiz Adriano Maia Cordeiro, a ILPF pode ser definida e classificada em 4 modalidades diferentes:
1. Integração Lavoura-Pecuária (ILP): sistema de produção que integra os componentes agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área e no mesmo ano agrícola ou por múltiplos anos;
2. Integração Pecuária-Floresta (IPF): sistema de produção que integra os componentes pecuário (pastagem e animal) e florestal, em consórcio;
3. Integração Lavoura-Floresta (ILF): sistema de produção que integra os componentes florestal e agrícola pela consorciação de espécies arbóreas com cultivos agrícolas (anuais ou perenes); e,
4. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): sistema de produção que integra os componentes agrícola, pecuário e florestal em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área.
Os sistemas proporcionam benefícios técnicos, econômicos, ambientais e sociais, e têm como grande objetivo a mudança do sistema de uso da terra, fundamentando-se na diversificação de culturas, atividades e de renda, e também no sinergismo dos componentes do sistema produtivo, para atingir patamares cada vez mais elevados de produtividade, qualidade ambiental e competitividade. Uma forma promissora de produção agropecuária capaz de conciliar ecoeficiência com desenvolvimento socioeconômico.
Importante para o capital do produtor e também gerando empregos, o ILPF traz a oportunidade de diversificar a produção, agregar valor à propriedade e viver no campo de forma digna.
“Com sua adoção aumenta-se a diversificação, a produtividade agrícola e pecuária, e desta forma, ocorre um importante incremento da renda da propriedade rural. Além disso, quando adotados corretamente, esses sistemas promovem muitos ganhos sinérgicos e mútuos entre as diferentes atividades, o que se transforma em ganhos de produtividade e redução de custos”, afirmou o pesquisador.
Se conduzidos corretamente, os diferentes sistemas podem trazer grandes benefícios para o produtor, pois são tecnicamente eficientes e ambientalmente corretos. Entre eles podemos citar:
• Sinergia entre as atividades de produção vegetal e animal, com ganhos mútuos entre os componentes do sistema;
• Melhoria da qualidade do solo pelo incremento das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, intensificação da ciclagem de nutrientes;
• Aumento da cobertura do solo pela palhada proporcionada pelos restos das lavouras e das pastagens. Essa interação atua prevenindo as perdas por erosão (solo, água, matéria orgânica e nutrientes), estimulando a biota e a recuperação física do solo;
“Os benefícios específicos da ILPF para a agricultura são: Produção de resíduos vegetais na forma palhada oriunda das pastagens para melhoria da qualidade do Sistema Plantio Direto (SPD) com a adoção da ILP; melhoria na qualidade do solo com incremento da Matéria Orgânica do Solo (MOS), melhor estrutura do solo, maior infiltração e armazenamento de água, maior reciclagem e reaproveitamento de nutrientes, etc.; maior produtividade de grãos e redução de custos de produção; renda adicional com a atividade pecuária de curto ou média duração, especialmente, na estação seca; e mais liquidez e rentabilidade com aumento da viabilidade econômica da agricultura”, afirmou Luiz Adriano.
Não existe uma estimativa exata em relação aos custos, os valores variam de acordo com a necessidade de cada produtor.
“Muitos pecuaristas podem adotar sistemas de ILPF com a necessidade de investimentos em máquinas, equipamentos e insumos agrícolas com um custo maior; mas, também podem usufruir dos benefícios da integração para sua atividade principal de pecuária estabelecendo parcerias com agricultores. Por outro lado, os agricultores podem adotar sistemas de integração com a necessidade de investimentos em cercas e compra de animais, ou também fazendo alguma parceria com pecuaristas para diminuir os custos de investimento”, explicou o pesquisador.
Os casos avaliados pela Embrapa, em sua maioria, apresentam uma elevada viabilidade econômica e relações custo/benefícios favoráveis, assim como altas taxas de rentabilidade. Desta forma, o que é importante ao produtor ter conhecimento é se os sistemas que ele deseja adotar proporcionam um aumento de renda compensatório ao custo de implantação, que podem sr elevados em um primeiro momento.
“Desempenho econômico somente será positivo se o produtor rural adotar adequadamente os sistemas de integração, levando em conta as particularidades edafoclimáticas e gerenciais da propriedade rural bem como do mercado regional. O assessoramento de técnicos experientes são fundamentais neste aspecto”, afirmou Luiz Adriano.
O Canal Do Boi transmite o 2° Congresso de Integração Lavoura-pecuária-floresta nos dias 4 e 5 de maio de 2021. O evento será online e conta com 30 palestras que serão apresentadas por especialistas da América Latina, Austrália, Europa e EUA, entre eles o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Rattan Lal, da Universidade de Ohio (EUA).
Para participar do evento, é preciso se inscrever no site do congresso: https://www.wcclf2021.com.br.
Foto de capa: Gabriel Farias
*Estagiária, com supervisão do jornalista Valdecir Cremon