Golpe do sorteio usa perfis falsos de marcas do agro nas redes sociais; saiba como se proteger

Especialistas explicam o que fazer quando o usuário desconfia que se tornou vítima de golpes virtuais

02/04/2021 às 07:00 atualizado por Thalya Godoy - SBA | Siga-nos no Google News
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De acordo com uma pesquisa realizada em 2019, pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), cerca de 12,1 milhões de internautas brasileiros foram vítimas de algum golpe financeiro no ano anterior ao estudo, o que gerou prejuízo de R$ 1,8 bilhão.

O relatório mais recente do Facebook, de fevereiro de 2021, aponta que foram desativadas 1,3 bilhão de contas falsas na plataforma no último trimestre do ano passado.

Durante a pandemia, os golpes aplicados na internet cresceram, explica o advogado especialista em direito digital e professor na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Raphael Chaia. Segundo dados da Polícia Civil do Distrito Federal, entre março e junho do ano passado, os golpes na internet aumentaram 310% no DF.

“Como as pessoas ficam mais tempo em casa usando equipamentos particulares, tornam-se mais suscetíveis para as ações de criminosos, que exploram tais vulnerabilidades”, afirma o advogado.

A utilização de perfis falsos em redes sociais para a aplicação de golpes é comum, principalmente, pela facilidade na criação e divulgação do perfil, da aceitação, pois a conta falsa ganha a credibilidade do perfil real, e do alcance rápido de um grande número de possíveis vítimas, esclarece o especialista em segurança da informação, Roger Nascimento.

Uma técnica usada pelos golpistas em perfis falsos é utilizar nome semelhante ao do perfil oficial acrescentando “sorteio” no usuário. Em uma busca rápida pelo Instagram por fazendas e marcas que levam raças bovinas no nome, encontra-se contas de possíveis vítimas que tiveram o nome copiado.

 

 

“Além do risco da criação de um perfil falso, que foge do controle da vítima pois as principais redes sociais são abertas para o uso de qualquer adulto, há também o risco de ter uma conta invadida por um criminoso. Neste caso, as consequências podem ser graves e até severas caso a vítima que teve a conta invadida tenha informações confidenciais ou estratégicas de clientes”, explica o especialista.

A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) teve seu nome na rede social Instagram copiado duas vezes por perfis falsos. A conta enviava mensagens para os seguidores do perfil oficial da ACNB prometendo a participação no sorteio de um “boi bovino”.

“Quando identificamos essa ocorrência tomamos a providência de denunciar os respectivos perfis aos gestores das redes sociais. Também fizemos um comunicado público para todo nosso rol de contatos e divulgamos de forma aberta uma nota alertando que aqueles perfis eram falsos e que a associação não estava fazendo nenhuma ação de sorteio de animais”, relembra o gerente-executivo da ACNB, André Locateli.

Perfil oficial da ACNB alertou seguidores sobre as contas falsas que prometiam prêmios em sorteios

 

Conta falsa utilizava o site oficial da entidade para tentar enganar e passar credibilidade sobre o perfil
Perfil falso entrava em contato com os seguidores da conta oficial da entidade

 

O advogado, Raphael Chaia explica que a empresa ou pessoa física que teve o nome ou marca usado na aplicação dos golpes não têm responsabilidades sobre os danos causados pelos golpistas, pois também foram vítimas.

“No caso de quem teve seu nome e marca usado por golpistas, não há como responsabilizar essas empresas, que acabam sendo também vítimas, uma vez que têm seu nome e imagem envolvidos numa fraude, com uso indevido dos mesmos”, elucida.

Para se proteger juridicamente contra o uso indevido de nome ou marca, o advogado orienta a registrar um boletim de ocorrência de preservação de direitos. “Ainda que não haja uma responsabilidade sobre a fraude, o documento poderá ajudar a empresa a prestar esclarecimentos caso venha a ser eventualmente questionada pelas vítimas da fraude”, explica.

O professor também afirma que com o registro de ocorrência é possível que seja investigada a fraude em razão do uso indevido do nome e imagem, o que pode desestimular essas ações e retirar do ar sites que sejam usados no golpe.

Segurança
O consultor e especialista em segurança da informação, Roger Nascimento explica que entre as principais ações de segurança para se proteger contra golpes está o cuidado em criar senhas fortes. 

O profissional orienta a não usar informações pessoais (como data de aniversário e número de documentos pessoais) e manter um gerenciamento regular para troca de senhas.

 

 

Também nos cuidados está o controle de acesso à conta, especificando, quando for o caso, as pessoas que usarão e em quais horários utilizarão, além do monitoramento de atividades “estranhas”, como em horários não comuns. 

Outras precauções são a instalação de antivírus nos aparelhos que acessam a conta e o gerenciamento de conteúdo publicado para a proteção de informações importantes ou confidenciais.

O diretor da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), Alberto Meneghetti, orienta a deixar público somente os dados essenciais pedidos pelas plataformas. 

“Todo usuário que tenha perfis em redes sociais deve cuidar para que seus dados não sejam usados para fins ilegais, como se aproximar de amigos e conhecidos, usando seu nome, foto e informações. Ter o cuidado de inserir apenas os dados obrigatórios e jamais colocar seu número de celular nos perfis”, afirma.

Caso desconfie que as informações pessoais são usadas por terceiros, a recomendação é procurar a polícia civil e registrar um boletim de ocorrência descrevendo o que aconteceu, explica o advogado especialista em direito digital, Raphael Chaia.

“É preciso desconfiar de e-mails desconhecidos e links suspeitos, como uma oferta que parece boa demais. Não clique no link, visite a página a partir do seu navegador, digitando o endereço, para ter certeza que está no site oficial da empresa, e não em uma cópia não autorizada destinada a golpes. Um pouco de desconfiança não faz mal a ninguém”, aconselha.

 

Foto de capa por Pixabay


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