Entidade paranaense esclarece motivos para casos de abortamento nas vagens de soja

IDR aponta que as ocorrências climáticas estão dentro das condições de riscos previstas no Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos (Zarc)

16/02/2021 às 12:50 atualizado por Redação - SBA | Siga-nos no Google News
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Considerando a ocorrência de casos de abortamento de vagens em diversas lavouras de soja no estado do Paraná, na safra de 2020/2021, com diferentes intensidades e, em alguns casos com relatos de perdas de 100%, o Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná) elaborou uma nota técnica para destacar alguns motivos que podem ter contribuído para o cenário

De acordo com a entidade, o abortamento de vagens na cultura da soja não possui uma causa simples e totalmente conhecida, pois é resultado da interação entre os fatores genéticos da planta com os fatores ambientais, na qual ajustes fisiológicos ocorrem e o abortamento de vagens é uma resposta da planta frente a condições adversas de ambiente. 

São os fatores ambientais as condições climáticas (precipitação, temperatura e umidade relativa do ar e radiação solar) e as condições de manejo fitotécnico (época de semeadura, controle de pragas, doenças e plantas daninhas, fertilidade química, física e biológica do solo, entre outras).

Destaca-se que em relação às condições climáticas, durante o mês de janeiro de 2021 foram observadas precipitações muito acima da média histórica para diversas regiões do estado. Na região Sudoeste, no município de Pato Branco choveu em janeiro 395,6 mm, superando em 206,4 mm a média histórica. Em Paranavaí, Noroeste do Paraná, registraram-se 341,4 mm, o que fica 153,3 mm acima da média histórica. 

Na região Oeste, em Palotina, foram 143,3 mm acima dos valores médios esperados.

Dados de chuva em janeiro/2021 no Paraná. Elaborado por IDR Paraná

Mesmo os municípios que registraram chuvas próximas da média histórica enfrentaram outro problema: o número de dias consecutivos com chuvas. Londrina, no Norte do estado, por exemplo, teve 22 dias chuvosos em janeiro; Guarapuava, região central, registrou 24 dias com chuva.

Vários dias consecutivos com chuva podem causar a saturação dos solos (especialmente os que se apresentam mal drenados) e com isso reduzir a respiração das raízes e consequentemente a absorção de macro e micro nutrientes, bem como a evapotranspiração das plantas.

Outro fator climático desfavorável para a cultura da soja, observado em janeiro de 2021, foi a ausência adequada de insolação em função da persistência de nebulosidade, fato este que se estendeu praticamente durante todo mês de janeiro e reduziu a radiação solar para a realização dos processos fotossintéticos pelas plantas e consequentemente resultou em menor fixação de fotoassimilados para atender o metabolismo vegetativo e reprodutivo (formação e enchimento de grãos) da cultura.

Abortamento de vagens e condições climáticas similares ocorreram durante a safra 2017/2018 no estado do Paraná, com chuvas iniciando no terceiro decêndio de dezembro de 2017 e permanecendo com dias chuvosos em sequência até o final de janeiro de 2018.

Assim, as condições adversas do clima observadas durante o mês de janeiro de 2021 podem ter contribuído para a ocorrência de abortamento de vagens em diversas lavouras de soja no estado do Paraná, cuja intensidade foi resultado da conjunção dos fatores climáticos, manejos adotados e fatores genéticos, variando entre locais, cultivares e épocas de plantio.

O IDR destaca que as ocorrências climáticas descritas acima estão dentro das condições de riscos previstas no Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos – ZARC, ou seja, passíveis de cobertura nos seguros contratados, observadas as condições contratuais de cada produtor.
 

 

Informações e foto de capa por IDR Paraná


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