Excesso de chuvas prejudica safra de verão do Paraná

Previsão indica que chuvas devem sofrer redução em março e o tempo ficará mais seco

15/02/2021 às 10:08 atualizado por Redação - SBA | Siga-nos no Google News
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Após um início de plantio com atrasos devido à estiagem em diversas regiões do Paraná, a safra de soja 2020/21 enfrenta novas adversidades em relação ao clima. O problema agora é o excesso de chuvas. Produtores, principalmente do Oeste e Sudoeste, regiões em que a água chegou em maior volume, relatam dificuldades em prosseguir com a colheita do grão.

Segundo informações da Somar Meteorologia, essas duas regiões tiveram registros de até 650 milímetros (mm) em algumas cidades, como Foz do Iguaçu, no acumulado de janeiro (a média histórica é de 150 mm). Em Cascavel, o registro foi de 450 mm (contra média de 180 mm). Em Francisco Beltrão, a chuva acumulada atingiu 430 mm.

De acordo com o meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, ainda que seja um ano com influência do fenômeno La Niña, em alguns momentos, podem existir outras interferências que mudam o cenário a curto prazo, como aconteceu em janeiro. “Houve um bloqueio atmosférico, em que as frentes frias que deveriam passar pela região Sul e provocar pouca chuva, para depois avançar na direção do Sudeste e do Nordeste do Brasil, estacionaram. Isso trouxe chuva mais persistente ao Paraná”, afirma.

O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Heráclio Alves também aponta que há influência das águas mais quentes no Oceano Atlântico, o que favoreceu as chuvas no Sul do país. “As águas do Atlântico Sul estão mais aquecidas e avançaram para a Argentina e o Paraguai. Isso intensificou esse canal de umidade que vem do Norte do país, que se manteve sobre a região Sul”, analisa.

A última previsão divulgada pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), no fim de janeiro, aponta para 20,4 milhões de toneladas. Mas, essa produção pode reduzir.

“A chuva afeta, na maioria das vezes, mais a qualidade do que a produtividade. Porém, a chuva foi tão intensa em algumas regiões que podemos ter queda de produtividade, já que foram registrados muitos problemas de abortamento. Esse clima nublado e chuvoso causou um alongamento no ciclo da soja e isso pode se reverter em queda de produção”, avalia o economista do Deral, Marcelo Garrido.

No momento, as expectativas para a safra paranaense de soja continuam favoráveis. Segundo Garrido, ainda não é possível afirmar se os números realmente sofrerão alterações devido às mudanças climáticas. Uma nova avaliação será realizada quando as chuvas amenizarem e os técnicos conseguirem ir a campo.

Atraso no milho safrinha
Com tantos problemas na colheita da soja, outro fator que preocupa os produtores é o atraso no plantio do milho safrinha, geralmente realizado em fevereiro e março. A expectativa inicial, segundo o Deral, é de uma área plantada de 2,4 milhões de hectares e produção em torno de 13,5 milhões de toneladas.

Segundo Caldato, o plantio de milho safrinha já pode se considerar atrasado no Sudoeste, visto que a melhor época para semeadura terminou no dia 10 de fevereiro. No Oeste, o atraso também é dado como certo por Paludo. O prazo de plantio se encerra no dia 10 de março.

“Mesmo com atraso, o produtor vai plantar igual. O problema é que a produção menor vai encarecer os produtos no mercado depois e a demanda por grãos está muito alta”, aponta Paludo. “Pode faltar alimentação para frango, suínos, gado leiteiro, o que vai prejudicar toda a cadeia. É preciso uma medida emergencial”, alerta Caldato.

Previsão do tempo para fevereiro e março
A previsão para fevereiro tende a ser menos chuvosa no Paraná. Na análise de Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, não há ausência completa de chuva, mas precipitações espaçadas e irregulares, o que dá melhores condições para a finalização da colheita da soja e plantio do milho safrinha.

A próxima chuva mais intensa deve ocorrer entre 20 e 25 de fevereiro, atingindo entre 70 mm e 100 mm. O volume previsto até o final do mês de fevereiro, principalmente na região Oeste, deve se aproximar de 200 mm.

Segundo o meteorologista do Inmet Heráclio Alves, em março, as chuvas devem reduzir, ficando ainda mais irregulares. O tempo será mais seco em todo Paraná, principalmente na região Oeste e com exceção na faixa litorânea e em pequenas áreas ao Norte.

 

Informaçõs por CNA


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