Frigoríficos brasileiros querem importar boi em pé do Paraguai

Pecuarista de MS afirma que autorização pelo Mapa vai prejudicar setor

05/02/2021 às 17:00 atualizado por Redação - SBA | Siga-nos no Google News
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O Sindicato das Industrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul pediu ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), autorização para importação de gado em pé do Paraguai. A entidade alega que busca alternativas para o preenchimento de escalas de abate devido a uma suposta falta de animais no mercado brasileiro.

O vice-presidente do Sindicato, Régis Luís Comarella, conversou por telefone com o jornalista do Canal do Boi, Fabiano Reis, nesta sexta-feira (5), e disse que as unidades do Estado têm operado com apenas 40% da capacidade de abate por conta da escassez de matéria-prima. A entidade, segundo Comarella, possui 20 frigoríficos associados.

"Estamos praticamente fora do mercado. O pouco volume de boi que ainda tem está muito caro e a conta dos frigoríficos não fecha com arroba em R$ 290”, afirmou.

Em nota, o Ministério da Agricultura revela que o pedido está sendo analisado por sua área técnica. A pasta frisa que a importação de gado não está autorizada, mas que o tema está em tratativas entre os governos dos dois países. 

Na mesma nota, o Mapa destaca que o Paraguai é um país reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre de febre aftosa com vacinação em todo o seu território. Desta forma, segundo o ministério, cumpre as exigências brasileiras para a venda de animais.

Repercussão

O pecuarista Natanael Cintra, de Mato Grosso do Sul, critica a negociação e a possível liberação, e afirma que setor será será prejudicado. “Estamos em uma fase de recuperação de preço do valor. Você pode observar a procura pelas fêmeas nos leilões aumentou muito. A falta de boi tem uma série de outros fatores, a exportação, o problema da seca, queimadas que ocorreram no ano passado, afeta agora. Mas isso são fatos que de curto prazo já já se ajustam. Agora abrir a importação do boi vivo do Paraguai não vai ser bom para o pecuarista”, explica.

Cintra defende que o pecuarista não está preparado para o cenário de importação.

“O pecuarista não considerou esse risco de boi em pé, além do risco sanitário, teria que se fazer um protocolo sanitário extremamente rígido a ser seguido. Esse boi teria que passar por uma quarentena. O boi que ia entrar no Brasil seria outra quarentena. Não acredito que o MS esteja preparado para isso [importação de gado vivo], além do grande efeito negativo sobre nossa atividade, sanitário, de mercado, investimento no futuro”, pontua.

Leia a íntegra da nota do Mapa.

"O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recebeu o pedido do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados (Sicade/MS) para importação de gado em pé do Paraguai. A demanda está sendo analisada pela área técnica.

Mas vale destacar que a importação de gado do Paraguai para Brasil ainda não está autorizada. O tema vem sendo tratado entre os Ministérios da Agricultura do Brasil e do Paraguai. Caso os entendimentos entre os Ministérios da Agricultura do Brasil e do Paraguai venham a viabilizar a autorização de importação, esta valerá para qualquer empresa que cumpra os requisitos sanitários estabelecidos.

O Paraguai é um país reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre de febre aftosa com vacinação em todo o seu território. Dessa maneira, cumpre, plenamente, todas as exigências brasileiras para a importação de carne bovina."


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