Rios Paraná e Sucuriú sofrem baixa do nível de água na divisa SP-MS

Atividades de navegação, pesca e lazer estão comprometidas; peixes começam a morrer

06/01/2021 às 09:44 atualizado por Valdecir Cremon - SBA | Siga-nos no Google News
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Um mistério ronda uma baixa acentuada no nível de água do rio Sucuriú, em Três Lagoas (MS), e no rio Paraná, em Castilho (SP), cidades distantes menos de 30 quilômetros. Moradores, pescadores e pessoas que frequentam os rios notaram a abertura de extensas faixas de areia nas margens. Em alguns pontos, segundo eles, a água recuou cerca de 50 metros.

O servidor público José Ricardo de Oliveira, que trabalha em um balneário da Prefeitura de Três Lagoas há 18 anos, diz em uma postagem feita por rede social que nunca viu algo parecido. “Isso nunca ocorreu em todos esses anos que trabalho aqui”, disse. O radialista José Cardoso Filho acusa: "estão matando os rios".  

O empresário Joaquim Barbosa, dono de uma estância às margens do Sucuriú, está assustado. “Não temos nenhuma atividade de embarcações desde a semana do Natal e já começaram a aparecer peixes mortos”, disse. Barbosa anunciou que vai pedir providências ao Conselho Municipal de Turismo de Três Lagoas. O diretor da Defesa Civil da cidade, Welton Alves, afirmou que o órgão está acompanhando o problema e a prefeitura disse por meio da assessoria de imprensa que aguarda informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que acompanha o caso. 

Criança caminha em local antes inundado, no rio Sucuriú. Foto: imagem cedida/Joaquim Romero

Por meio de ofício, o MP pediu explicações à empresa CTG Brasil, que administra as usinas de energia Jupiá e Ilha solteira, instaladas no rio Paraná, na divisa dos dois estados, à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a Agência Nacional de Águas, a ANA.

Em nota divulgada nesta quarta-feira, a CTG diz que a redução do volume de água no reservatório da usina foi uma determinação do ONS (Operador Nacional do Sistema), órgão do governo federal que controla o uso de água para a produção de energia em todo o país, em virtude da queda no volume de chuvas ocorrida, em 2020, nos estados do Centro-Oeste do país.

O Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) informou que enviou comunicado ao Ibama por se tratar de rios com concessão federal para a produção de energia, além de notificar a ANA e a Aneel.

Leia a nota da CTG.

"A CTG Brasil informa que a redução temporária do nível do reservatório da UHE Jupiá está relacionada a determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para preservar maior volume de água nos reservatórios de acumulação a montante da usina. Essa ação está sendo implementada pelo ONS na tentativa de minimizar os efeitos da forte estiagem evidenciada nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil desde 2019 e garantir a segurança energética do País.

Considerando esse cenário e seguindo determinação do ONS, a UHE Jupiá opera atualmente com vazão reduzida, liberando a quantidade mínima de água para garantir a preservação ambiental a jusante da usina. O nível do reservatório encontra-se dentro da faixa de operação autorizada pelos órgãos ambientais e regulatórios.

A Empresa ressalta ainda que a operação da UHE Jupiá e de todas as usinas hidrelétricas do País é coordenada pelo ONS, tanto no que se refere à geração de energia quanto ao controle do nível dos reservatórios. Essa operação leva em consideração diversos fatores, como o usos múltiplos e os níveis dos demais reservatórios do País."


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