Brasil redobra vigilância com maçã argentina

Variedade Red Delicious importada da Argentina tem sido vetor da traça-da-maçã, principal ameaça à saúde dos pomares

22/03/2019 às 16:21 atualizado por Adriano Falleiros - SBA | Siga-nos no Google News
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Foto: Divulgação 

Apesar de ainda entrar em pequena quantidade no Brasil, a variedade de maçã Red Delicious está na mira da fiscalização agropecuária brasileira porque pode trazer escondido um perigo mortal para os pomares.

De vermelho intenso e brilhante a variedade, que já fez muito sucesso no Brasil em décadas passadas, foi desbancada no gosto popular pelas variedades fuji e gala, que hoje reinam absolutas no gosto do brasileiro pela crocância e suculência diferenciadas.

No início do mês de março, a entrada de carregamentos com a variedade ficou proibida por 15 dias, devido ao alto número de rechaços (devolução das cargas) dos fiscais agropecuários brasileiros na fronteira. Na prática, os fiscais procuraram – e encontraram – várias maçãs com larvas da mariposa responsável pela doença conhecida como Cydia pomonella, ou traça-da-maçã, erradicada do Brasil desde 2014.

Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM), Moisés Lopes de Albuquerque, “por alguma razão os argentinos não estavam aplicando de maneira adequada o plano de mitigação de risco da doença, que é bastante rigoroso”.

O diretor explicou que a praga pode chegar nas embalagens ou dentro do próprio fruto, indo para o lixo das cidades e, dali, para os pomares. “É um risco muito grande. Foi assim que ela foi introduzida pela primeira vez no Brasil, há 30 anos, e foram necessários 20 anos para erradicar a doença”, comentou.
Albuquerque explicou que a intensificação das fiscalizações na fronteira foi pedida pelos fruticultores brasileiros depois de notícias de que a praga se espalhou no país vizinho com a crise econômica, que multiplicou o número de pomares abandonados ou sem o manejo adequado.

No ano passado, relata Albuquerque, a praga chegou a Fraiburgo a partir de frutas da Argentina, mas foi identificada e erradicada. “Isso mostra que o sistema de contingência do Brasil está funcionando, aplicou-se o plano de reação, o monitoramento foi ampliado em todas as regiões produtoras e nada mais foi encontrado”. O recente bloqueio da fronteira para a maçã argentina, segundo a ABPM, deve servir “de estímulo para que os argentinos apliquem corretamente o plano de mitigação da doença, e para que as autoridades brasileiras acompanhem de perto”.
A produção brasileira de maçãs, em 2018, foi de 1,1 milhão de toneladas. Desse montante, 900 mil toneladas são consumidas como fruta fresca. O volume da Red Delicious importada da Argentina – cerca de 20 mil toneladas – não tem peso comercial relevante.


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