Fungicidas e manejo reduzem severidade da ferrugem da soja

Cientistas testaram a eficácia de agroquímicos que atuam em mais de um processo metabólico do fungo

12/07/2023 às 15:01 atualizado por Nanda Martins* - SBA | Siga-nos no Google News
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Estudo da Embrapa ( Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) com fungicidas que atuam em mais de um processo metabólico do fungo, associado a um pacote de estratégias de manejo, mostra eficácia na redução da severidade da ferrugem da soja. 

A rede de pesquisa formada por 32 cientistas brasileiros tirou esta conclusão, após avaliar a eficiência de fungicidas no controle da ferrugem-asiática da soja.

Os estudos aconteceram durante a safra 2022/2023 e os resultados foram publicados na Circular Técnica 195: Eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja, Phakopsora pachyrhizi.

Realizada por 23 instituições e editada pela Embrapa, a publicação é resultado de ensaios cooperativos em sete estados brasileiros: Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, além do Distrito Federal.

“Os resultados obtidos e compartilhados anualmente pela rede vêm sendo utilizados para auxiliar técnicos e produtores na determinação de programas de controle mais eficientes para a ferrugem-asiática, a mais severa doença da soja”, destaca a pesquisadora da Embrapa Soja Cláudia Godoy, uma das autoras da publicação

Fungicidas

De acordo com a  Embrapa, a maioria dos fungicidas utilizados no controle da ferrugem pertence a três grupos distintos: os Inibidores de desmetilação, quinona externa e os succinato desidrogenase. Esses grupos de fungicidas são chamados também de sítio-específico porque têm atuação em pontos específicos do fungo. 

Atualmente o P. pachyrhizi, fungo causador da doença, apresenta mutações que lhe conferem menor sensibilidade a esses três grupos. Isto quer dizer que o microrganismo se tornou mais resistente a essas moléculas.

Uma das alternativas para atenuar o efeito da resistência é associar a fungicidas multi sítios, que interferem em mais de um processo metabólico do fungo, registrados na cultura da soja a partir de 2013/2014. Eles têm sido recomendados para aumentar a eficiência dos sítio-específicos (que atuam em somente um processo do fungo) e atrasar o aumento da resistência do patógeno.

Monitoramento da lavoura

A recomendação dos pesquisadores ao sojicultor é monitorar a lavoura, desde o início de desenvolvimento, para definir o melhor momento do controle químico. Isso evitando atrasos nas aplicações, levando em consideração que os fungicidas presentes no mercado apresentam baixa eficiência curativa. 

Algumas regiões que utilizam cultivares precoces e fazem uma segunda safra com milho ou algodão, por exemplo, têm conseguido evitar a doença ou apresentar incidência tardia, o que facilita o controle. 

Nas últimas safras, as mudanças de sensibilidade do fungo da ferrugem aos fungicidas do grupo dos triazóis têm influenciado o controle da doença com os ingredientes ativos protioconazol e tebuconazol, segundo a pesquisadora Cláudia Godoy. 

“A presença de novas mutações e a variação de eficiência de ativos do mesmo grupo, como protioconazol e tebuconazol, reforça a necessidade de rotação de ingredientes ativos dentro de um mesmo grupo em programas de controle da ferrugem-asiática”, finaliza.

Com informações Embrapa 

*Com supervisão de Thiago Gonçalves, jornalista.

Foto: A. Neto/ Embrapa


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