Safra 2021/22 de grãos será de 271,2 milhões de toneladas

Levantamento da Conab aponta que o resultado será um recorde

11/09/2022 às 10:30 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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A produção brasileira de grãos na campanha 2021/22 será recorde. Dados do ‘12º Levantamento da Safra de Grãos’, publicado nesta quinta-feira (8) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), indicam que a colheita chegará a 271,2 milhões de toneladas, um acréscimo de quase 14,5 milhões de toneladas em relação à temporada anterior.

O presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, destaca que o volume produzido será robusto apesar das dificuldades enfrentadas pelos agricultores ao longo do ciclo. “Embora tenha passado por adversidades climáticas em algumas regiões produtoras, principalmente nos estados da região Sul do país, esta é a maior colheita já registrada dentro da série histórica de produção de grãos no Brasil”, ressalta.

Produção de soja e milho são divergentes neste ciclo
Foto: Arquivo/Canal do Boi

O principal produto cultivado é a soja, que teve seu desenvolvimento marcado pelas altas temperaturas em importantes regiões produtoras, como as lavouras do Paraná, Santa Catarina e em parte do Mato Grosso do Sul. Essa condição climática adversa trouxe impacto severo nas produtividades e influenciou na queda da produção. No Rio Grande do Sul, por exemplo, houve quebra acima de 50%. Diante desse cenário, a colheita para o grão no país está estimada em 125,6 milhões de toneladas, uma redução de aproximadamente 10% em relação à safra 2020/21.

No caso do milho, houve uma recuperação de 30% na produção total comparado à temporada passada. Agora, a colheita é estimada em 113,2 milhões de toneladas. Enquanto na primeira safra houve uma certa estabilidade na produção em 24,9 milhões de toneladas, devido às condições climáticas desfavoráveis principalmente nos estados do Sul, a segunda safra foi marcada por uma retomada na produção em torno de 41,8%, com volume previsto de 86,1 milhões de toneladas.

O resultado só não foi melhor devido a falta de chuvas em Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Nesses estados, além da estiagem, foram registrados ataques de cigarrinhas nas lavouras, praga que também afetou a produtividade no Paraná. O diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da companhia, Sérgio De Zen, alerta os produtores para os próximos ciclos. “Há duas safras houve o registro de cigarrinhas em regiões de clima frio. A partir daí, a praga tem aparecido de forma mais recorrente. Para a safra 2022/23, os produtores precisam ter bastante atenção quanto ao surgimento desse vetor de forma a tentar melhor controlá-lo", explica.

Outro importante produto, o algodão teve a produtividade parcialmente afetada por estresse hídrico em algumas lavouras, enquanto que a qualidade da pluma, que tem produção estimada em 2,55 milhões de toneladas, está muito boa devido ao clima. Em contrapartida, a falta de chuvas favorece o andamento da colheita, prevista para finalizar em setembro. Destaque também para o sorgo que, impulsionado pelos preços do milho, registra uma produção recorde de 2,85 milhões de toneladas, crescimento de 36,9% em relação à safra passada.

Já os produtores de feijão enfrentaram problemas climáticos em todas as três safras da leguminosa. Ainda assim, a produção está estimada em 3 milhões de toneladas,  aproximadamente, volume que atende ao abastecimento do país. No caso do arroz, a quantidade total a ser colhida é estimada em 10,8 milhões de toneladas, resultado que corresponde a uma queda em relação a 2020/21 devido a menor destinação de área para o plantio, bem como pela redução na produtividade média nacional. Ainda assim, a produção também é suficiente para a demanda do mercado interno.

Culturas de inverno

Dentre as culturas de inverno, a Conab projeta uma produção recorde para o trigo, que pode chegar a 9,4 milhões de toneladas. Houve leve atraso na semeadura no Sul do país devido ao excesso de chuvas, mas as condições são favoráveis ao desenvolvimento das lavouras.

Exportações brasileiras de milho deve ser menor
Foto: Diego Baravelli/Minfra

Mercado

No âmbito externo, diante da ligeira queda na expectativa de produção quando comparado com o volume esperado no último levantamento, a companhia ajustou o volume de algodão a ser exportado. Com isso, as vendas externas devem atingir 1,9 milhão de toneladas. Já a estimativa para os estoques finais segue estável, em torno de 1,3 milhão de toneladas.

No caso da soja, os estoques finais foram atualizados diante dos resultados do trabalho de mapeamento da cultura. Com a revisão nos dados, o estoque de passagem da safra 2020/21 passou para 8,85 milhões de toneladas, o que também influencia em um acréscimo nos estoques finais da atual safra, sendo estimados em 6,19 milhões de toneladas. Também foi elevada a projeção de exportação da oleaginosa, com expectativa de atingir um volume de 77,19 milhões de toneladas. No acumulado entre janeiro e agosto já foram exportadas 66,6 milhões de toneladas.

Alta também para o estoque de passagem para o trigo em 2023, influenciado pela maior produção esperada para o cereal. O levantamento prevê que o estoque finalize em 1,6 milhão de toneladas para a safra com ano comercial de agosto de 2022 a julho de 2023. No caso do milho, a queda na produtividade de importantes regiões produtoras na segunda safra, reduziu o volume esperado para o consumo e exportação do cereal, agora estimados em 76,5 milhões de toneladas e 37 milhões de toneladas, respectivamente. Mesmo com essas quedas, a projeção para o estoque final também foi ligeiramente diminuída, saindo de 9,7 milhões de toneladas para 9,4 milhões de toneladas.

Quanto ao arroz, a Conab prevê um consumo menor do produto comparado ao levantamento divulgado em agosto, que deve atingir o patamar de 10,8 volume estável em relação à safra anterior. Com isso, os estoques de passagem estarão em níveis mais confortáveis, com previsão de que fechem o ano em 2,36 milhões de toneladas.
A Conab ressalta  que tanto o volume exportado quanto importado para 2022 foram revistos. Assim, a nova previsão é que o Brasil embarque 1,4 milhão de toneladas e importe 1 milhão de toneladas de arroz em 2022, sendo a motivação dos ajustes o acompanhamento da evolução das exportações até o momento. Para o feijão, os números no quadro de suprimentos não apresentaram alterações significativas neste levantamento.

Com informações da Conab

Foto de capa: Mapa


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